O dólar opera em alta na manhã desta sexta-feira em meio ao avanço dos rendimentos dos Treasuries no exterior e cautela fiscal e política local. A alta do IPCA de março, de 0,93%, ficou abaixo do piso das estimativas dos analistas ouvidos pelo Estadão/Broadcast (0,94% e 1,10%). Além disso, ontem à noite o diretor de Política Monetária do Banco Central, Bruno Serra, reforçou a indicação de nova dose de alta 75 pontos-base da Selic em maio, diminuindo a expectativa de um diferencial maior entre o juro interno e o externo que poderia melhorar a atratividade do País ao capital externo.

Os investidores reforçam posições defensivas em meio à perspectiva de abertura de Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da covid-19 pelo Senado na próxima semana, após determinação do ministro do STF Luís Roberto Barroso. No segundo dia em que o País registrou mais de 4 mil mortes pelo coronavírus em cenário de vacinação lenta e desorganizada, o ministro acatou, ontem, pedido de parlamentares para que o Senado apure a denúncia de omissão do governo federal no enfrentamento da pandemia no País. O revés aumenta a pressão sobre o presidente Jair Bolsonaro que precisa sancionar o Orçamento de 2021, mas ainda não decidiu se fará com vetos ou não.

O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, criticou a determinação de Barroso nesse momento, mas afirmou que “decisão judicial se cumpre” e que a comissão deve ser instalada na semana que vem. Além disso, a sinalização dada por Bolsonaro a empresários em jantar na quarta-feira, de que faria vetos no Orçamento, irritou os parlamentares e o comando do Congresso ameaça acabar com o alinhamento com o governo durante a pandemia.

O senador Marcio Bittar, que relatou o projeto, disse ao Estadão/Broadcast que não chegou ao valor de R$ 29 bilhões de emendas de relator apenas por sua conta e reafirmou o conhecimento do Ministério da Economia sobre as negociações. Ontem à noite, Bolsonaro afirmou que “está feito o Orçamento, o que tiver, porventura, de excesso, vamos buscar uma solução”. O vice-presidente Hamilton Mourão saiu em defesa da preservação do teto de gastos no Orçamento de 2021 ontem ao declarar que o País não pode fugir de sua principal âncora fiscal, senão “quebra”.

Às 9h31 desta sexta, o dólar à vista registrava máxima, a R$ 5,6312 (+1,02%), enquanto o dólar futuro de maio subia a R$ R$ 5,6380 (+1,12%).