O dólar opera em alta e já bateu máxima na casa dos R$ 5,43. O mercado de câmbio está apreensivo com o risco fiscal do governo brasileiro e a cautela no exterior também contribui para a valorização ante o real.

Estressam os investidores a fala do presidente Jair Bolsonaro admitindo que há um debate entre integrantes de seu governo para furar o teto de gastos para 2021. “Qual o problema?”, questionou em live nas redes sociais, um dia após declarar apoio ao teto. “Agora esse mercado tem que dar um tempinho também, né? Um pouquinho de patriotismo não faz mal a eles, né?”, acrescentou.

Os investidores já estavam céticos com a defesa pouco enfática do presidente na quarta-feira sobre o mecanismo limitador de gastos públicos. Na terça-feira, o ministro da Economia, Paulo Guedes, disse que uma mudança na regra do teto de gastos deixava o presidente na “zona sombria” do impeachment e a movimentação política do Planalto é ameaça também a permanência de Guedes.

No radar também está a pesquisa Datafolha, mostrando a melhor avaliação de Jair Bolsonaro desde o início da pandemia, graças, em boa parte, ao pagamento do auxílio-emergencial. “É possível que os dados evidenciados pelo Datafolha contribuam para maiores pressões para que ocorra extensão da ajuda aos brasileiros”, observam economistas da Renascença DTVM, em relatório nesta manhã.

O IBC-Br de junho cresceu 4,89%, abaixo da mediana estimada (5,1%), e caiu 10,94% no trimestre, o que traria influência de baixa na curva de juros, porém, o que se vê é uma correção de alta dos juros longos, pelo estresse com o quadro fiscal.

Mais cedo, o Índice Geral de Preços – 10 (IGP-10) subiu 2,53% em agosto, após ter aumentado 1,91% em julho, superando o teto das estimativas na pesquisa do Projeções Broadcast, que era de 2,28%. O piso apontava alta de 1,70%, com mediana positiva de 2,11%.

O Índice de Confiança Empresarial (ICE) subiu 5,8 pontos na prévia de agosto ante o resultado fechado do mês de julho, para 93,3 pontos. Já o Índice de Confiança do Consumidor (ICC) caiu 3,0 pontos, para 75,8 pontos.

No exterior, as bolsas recuam e o dólar perdeu força ante divisas emergentes há pouco, como peso mexicano, ajudando para a desaceleração do dólar ante o real. Os dados da indústria e varejo da China são monitorados e persiste o impasse nas negociações nos EUA por um novo pacote fiscal em reação à crise do coronavírus. Há ainda incertezas sobre o desfecho de uma reunião virtual, amanhã, entre graduadas autoridades americanas e chinesas, que revisarão o pacto da fase 1 do acordo comercial sino-americano assinado em janeiro.

Às 9h39, o dólar à vista desacelerava o ganho, a R$ 5,3884 (+0,39%), após máxima em R$ 5,4339 (+1,23%). E o dólar futuro para setembro subia 0,60%, a R$ 5,4040, ante máxima a R$ 5,4370 (+1,23%), após a abertura dos negócios. o dólar futuro para setembro subia 0,40%, a R$ 5,3920, ante máxima a R$ 5,4370 (+1,23%) mais cedo.