A pesar de os queijos europeus estarem na moda dos grandes laticínios brasileiros, há quem queira deixar sua própria marca na fabricação nacional. Entre os ícones nacionais, estão o mineiro canastra e o gaúcho colonial, produzidos há cerca de 200 anos e já reconhecidos pela alta gastronomia. Mas há queijos mais jovens despertando os paladares dentro e fora do País, como os paulistas cuesta e mandala, com um pouco mais de 5 anos, e o mineiro alagoa, de 10 anos. Os três foram destaque no Mondial du Fromage, realizado no início deste mês, na cidade de Tours, na França. Promovido a cada 2 anos desde 2013, o evento é uma espécie de Copa do Mundo para mestres queijeiros e derivados lácteos. O Brasil participou pela primeira vez em 2015, mas foi na edição deste ano que os nossos produtores estiveram em peso no torneio, com 137 queijos na disputa, representando Minas Gerais, São Paulo, Paraíba e Pará. Ao todo, concorreram 952 queijos, de 15 países. “Já participei de outros anos. Desta vez, conquistei a premiação máxima”, celebra o produtor Bento de Carvalho Mineiro, 29 anos, da fazenda Sant’Anna, em Pardinho (SP), que levou a medalha super-ouro. Eventos como esse incluem o Brasil entre os centros de excelência na fabricação de queijos especiais do cenário internacional. Nesse concurso, foram 56 produtos nacionais premiados (4 com medalhas super-ouro, 6 com ouro, 23 com prata e 23 com bronze). Os queijos super-ouro são os que ganharam ouro numa edição anterior e novamente conquistaram a nota máxima. Foi o caso do cuesta, da fazenda Sant’Anna.

De minas para o mundo “Ganhamos destaque internacional”, diz Osvaldo Filho (Crédito:Paulo Filho )

Segundo especialistas, o grande segredo do queijo é ser feito com leite de vacas 100% zebuínas, da raça gir. O gado é tratado a pasto, e suplementados apenas com feno. Na hora da ordenha, o bezerro deve estar ao lado da vaca, de preferência, mamando. “Isso é o que garante uma alta qualidade para o nosso leite, o que, consequentemente, dá um sabor incomparável ao queijo”, diz Bento Mineiro. Para ele, o cuesta se assemelha bastante ao francês tomme, um queijo cremoso e suave, só que mais maturado. Enquanto o tomme leva 2 meses e meio para ficar pronto para o consumo, o cuesta leva oito meses. Com rebanho de 250 fêmeas, a fazenda Sant’Anna produz 24 toneladas de queijo por ano.

REDES SOCIAIS Pelo Instagram, os seguidores do @queijodalagoamg acompanharam as peripécias de um queijo e uma mala passeando pela segunda vez pela França. A foto da embalagem do queijo em frente à Torre Eiffel já se tornou marca registrada do empresário Osvaldo Filho, da Queijo D’Alagoa. No Mondial du Fromage deste ano, seu produto conquistou a medalha de prata. Em 2017, ele já tinha levado o bronze. “Ganhamos destaque internacional com um produto de qualidade”, diz Filho. Fã das redes sociais, o empresário fez da internet uma vitrine para o seu trabalho. Feito de leite cru e maturado por 18 meses, o queijo tem versões que ficam mergulhadas em azeite de oliva, também fabricado na região. Anualmente, são fabricados 12 toneladas de queijo alagoa.