Se por um lado a maré anda baixa para as vendas de máquinas agrícolas novas, por outro, o comércio de usados segue em alta, num fluxo crescente de negócios realizados em todo o País. Comprar uma máquina ou implemento usado está se tornando cada vez mais fácil, por causa de ferramentas de comercialização, como os leilões virtuais, modalidade que vem ganhando muitos adeptos, inclusive na agroindústria. A Superbid, leiloeira paulista especializada na gestão de venda de ativos para empresas, por exemplo, movimentou mais de R$ 600 milhões em leilões virtuais no ano passado. Desse montante, 25% representou transações do agribusiness. Para Rodrigo Santoro, que ao lado do irmão Ronaldo administra a Superbid desde 1999, o crescimento de 35% nas vendas de 2012 para 2013, sinaliza um 2014 para lá de promissor – daquele total, R$ 50 milhões ficaram nos cofres da empresa, por conta de comissões que podem chegar a até 15% do bem leiloado.

Trabalho e equipamentos a serem leiloados não devem faltar, para alegria dos irmãos Santoro, nos próximos anos. Ainda circulam pelas lavouras brasileiras cerca de 700 mil tratores com idade média de nove anos, segundo o Sindicato Nacional da Indústria de Componentes para Veículos Automotores (Sindipeças), uma frota candidata a ser substituída, no mínimo, por outra usada mais nova ou por uma zero-quilômetro. Mas, ao que tudo indica não neste ano, no caso das máquinas agrícolas novas, quando as vendas despencaram mais de 21%, para 14,9 mil unidades comercializadas.

Na rede da Superbid atualmente existem mais de 600 lotes de ativos industriais relacionados ao agronegócio. Segundo Santoro, esse volume tende a aumentar nos próximos meses, porque, com a venda da safra que está terminando de ser colhida, os produtores ficam mais capitalizados. “A Superbid tem crescido entre 15% e 20% ao ano”, diz Santoro. “Mas a meta é multiplicar por dez o nosso tamanho, em sete anos.” Para atingir esse objetivo, a dupla começou investindo no mês passado R$ 3,5 milhões na ampliação do negócio visando os médios e pequenos empresários, inclusive os do campo. Até então, apenas gigantes do agronegócio, como as americanas Cargill e Bunge, além da francesa Louis Dreyfus Commodities e das brasileiras Raízen e Coamo Agroindustrial Cooperativa, liquidavam ativos como tratores, implementos agrícolas, colheitadeiras, caminhões e equipamentos de extração, envase e destilação nos pregões online da Superbid. A Cooperativa Agropecuária Mourãoense (Coamo), de Campo Mourão, no Paraná, por exemplo, aderiu exclusivamente ao sistema Superbid há quatro anos para vender seus ativos em desuso. O patrimônio total de ativos da cooperativa é de R$ 5,7 bilhões. A Coamo foi um dos destaques no ranking As Melhores da DINHEIRO RURAL, na categoria cooperativas, ficando em primeiro lugar em Gestão Financeira. O prêmio realizado no ano passado pela Editora Três acontece novamente no segundo semestre deste ano. 

Segundo Aquiles de Oliveira Dias, gerente de compras da cooperativa paranaense, com os leilões virtuais da Superbid houve um aumento no número de lances dados aos ativos vendidos, em comparação com o antigo sistema. Antes, os usados eram passados adiante através de licitações que atingiam apenas os cooperados ou, no máximo, a comunidade local. Com os leilões, também houve um aumento dos valores obtidos pelos ativos, além de mais transparência nas transações. “No antigo sistema tínhamos de fazer editais e coletar os lances em envelopes”, diz Oliveira Dias. “Isso podia gerar alguma dúvida nas pessoas que davam os lances.” Outra vantagem do pregão online é a visibilidade que os ativos da cooperativa ganharam, ao serem exibidos em todo o País. Além do Paraná, a Coamo possui unidades em Santa Catarina e Mato Grosso do Sul. “Em nossa primeira experiência com a Superbid, leiloamos máquinas de escrever, telefones velhos, pneus usados e computadores antigos, e ficamos espantados com o resultado”, afirma Oliveira Dias. “É incrível como tem comprador para tudo.”

Como nesse universo virtual há comprador para tudo, também há quem tenha produtos dos mais variados segmentos para serem colocados à venda. Justamente por isso, a Superbid está de olho nas pequenas e médias empresas. “Muitos dos compradores virtuais são pequenos e médios empresários”, diz Santoro. “Como eles também mostraram interesse em vender ativos, decidimos investir numa plataforma para empresas desse porte.” A Superbid desenvolveu um sistema que envolve todas as etapas para a venda de ativos, semelhante ao que já é utilizado para as grandes empresas. “A ideia é sempre atrair o melhor retorno para o vendedor”, diz Santoro. Segundo ele, o modelo de negócio contempla desde a avaliação de preço dos bens, a definição da forma mais indicada para comercialização até a divulgação para o públicoalvo e a intermediação do pagamento. “Para o vendedor, a partir de R$ 70 mil em ativos, já é possível utilizar esse canal”, diz Santoro.

De acordo com o leiloeiro, o objetivo é realizar, neste ano, mais de 400 pregões e liquidar 16 mil lotes de diferentes setores pelo canal Pequenos e Médios Empresários (PME). Atualmente, cerca de 800 empresários com esse perfil já se cadastraram para realizar vendas na plataforma online Superbid, que recebe mais de 4,5 milhões de usuários por ano. Entre os produtos mais vendidos, afirma Santoro, estão frotas de veículos leves e pesados, máquinas pesadas, equipamentos industriais, tratores e implementos agrícolas. “O próximo passo, ainda em estudo, será implantar o sistema PME nas nossas
unidades na Argentina, no Chile, naVenezuela e no Paraguai.”