Enquanto produtores sofrem com o alto preço dos fertilizantes no mercado internacional e rezam para que os custos dos insumos recuem, grandes grupos agrícolas começam a enxergar nesse setor uma oportunidade de expandir os negócios. Esse é exatamente o caso da processadora de commodities agrícolas Louis Dreyfus, empresa que fatura globalmente cerca de US$ 20 bilhões ao ano e estima um faturamento de US$ 3 bilhões no Brasil em 2008. A empresa possui uma série de investimentos voltados para o campo, porém, concentra nos citros e na cana os seus principais produtos. A entrada no mundo dos adubos significa um ingresso para um mercado mundial de US$ 60 bilhões ao ano, dos quais US$ 7,5 bilhões acontecem no Brasil.

KENNETH GELD presidente da Dreyfus quer transformar fornecedores em clientes e faturar com essa mudança

A diversificação na área de atuação na Dreyfus faz parte de um arrojado plano de investimentos mundiais de US$ 750 milhões. Parte desse montante será canalizado para a nova fábrica de adubos no Brasil. O valor total a ser empregado nas obras ainda não foi divulgado, segundo a empresa, por questões estratégicas. Esse dinheiro está anunciado para chegar ao Brasil até 2010. A expectativa, no entanto, é de que a companhia nos próximos dois anos produza um milhão de toneladas do produto. Para o presidente da Louis Dreyfus, Kenneth Geld, com o aumento da demanda por alimentos no mundo, a tendência é que as vendas de adubos cresça nos próximos anos. “Se a China precisa de alimentos, nós temos. Vamos abastecer o planeta”, afirma, empolgado. Mesmo com os preços dos fertilizantes registrando alta de até 30% em relação ao ano passado, o consumo deve aumentar no Brasil. A estimativa da Associação Nacional para Difusão de Adubos (Anda) é de que em 2008 as entregas cheguem a 1,842 milhões de toneladas. perspectiva suficiente para animar a entrada nesse segmento. “Estamos no lugar certo e na hora certa”, resume Geld, sobre as novas oportunidades que esse negócio pode oferecer a empresa. O mercado de adubos é extremamente concentrado e hoje 100% das vendas está nas mãos de apenas dez empresas no País.

Mas a entrada da da Louis Dreyfus na produção de fertilizantes vai além dos ganhos econômicos que podem vir da comercialização do adubo. Esse novo negócio deverá ocupar também um papel estratégico dentro do modelo de operações que a companhia mantém no País. Isso porque, uma parte do volume de fertilizante produzido, deverá ser utilizado como moeda de troca na compra de commodities, como a soja, que consome cerca de 30% dos fertilizantes que entram no Brasil. “Com isso abriremos uma nova forma de comercialização com os produtores, que são interessados na compra de adubos”, explica Geld. Dessa forma, a empresa transforma seus fornecedores em clientes e coloca uma vantagem sobre a concorrência.

O presidente da empresa afirma que o próprio crescimento da agricultura brasileira é o suficiente para esquentar as expectativas. A safra brasileira de grãos deste ano baterá um novo recorde e, da mesma forma as usinas de cana seguem firme no aumento da moagem. Esse ritmo de crescimento pode ser observado em outras áreas da empresa. Entre 2007 e 2009, foram gastos cerca de R$ 70 milhões para ampliar o número de pomares no interior de São Paulo. Até 2010, a área plantada de laranjas subirá de 23 mil hectares para 29 mil hectares. Pelo jeito, virão pela frente tempos férteis para a Louis Dreyfus.