O mercado brasileiro de defensivos agrícolas está cada vez mais cobiçado por grandes empresas do agronegócio, que não poupam investimentos para aumentar sua fatia nesse lucrativo bolo. Só em 2007 esse setor cresceu 35% e movimentou US$ 5,3 bilhões, segundo dados da Associação das Empresas Nacionais de Defensivos Agrícolas (Aenda), o suficiente para justificar a briga. Diante desse cenário, a americana DuPont, que desde 1938 atua no País, prepara suas armas para tentar defender o que possui, expandir sua participação e, segundo seus porta-vozes, sem temer a concorrência. “A empresa está preparada para competir globalmente. Entre 2004 e 2006, o crescimento das vendas foi acima de 20%”, afirma o diretor da área de defensivos da Du- Pont, Marcelo Okamura.

Para se ter idéia da importância do setor de defensivos para a empresa, dos US$ 6 bilhões que a companhia faturou em 2007, com a sua plataforma agrícola, que reúne as áreas de defensivos, biotecnologia e outros negócios abrigados na DuPont Agricultura e Nutrição, US$ 2,5 bilhões vieram das vendas desse produto, ou seja, 40% do negócio. Só a unidade de defensivos da empresa registrou um crescimento de 10%. Os resultados são considerados bons, mas a empresa pretende crescer mais e para isso o Brasil tem papel estratégico. “O Brasil é o nosso terceiro mercado, atrás de Estados Unidos e Europa, e tem potencial para crescer muito. Hoje ele representa de 30% a 40% das nossas vendas mundiais”, diz o diretor, que não revela o faturamento da empresa no País. Estimativas de mercado, porém, apontam que a DuPont do Brasil tenha receitas próximas a US$ 1 bilhão.

Para ganhar mercado a aposta da empresa, que tem a soja, algodão, hortícolas e milho como principais culturas, está na cana-de-açúcar, que hoje representa 30% da vendas de herbicidas da empresa. Globalmente, aliás, o etanol tem sido uma das prioridades da empresa, conforme explica o cientista Paul Vitennan, locado em Washington, Estados Unidos. “Estamos desenvolvendo novas tecnologias, até mesmo para o etanol de celulose”, diz. De acordo com Okamura, a idéia é diversificar a linha de produtos para esse setor, que ele acredita que deverá crescer muito nos próximos anos. “A cultura de canade- açúcar é estratégica para os negócios da companhia. O setor sucroalcooleiro concentra os olhos do mundo em torno do etanol e os mercados de biocombustíveis e bioenergia são uma realidade, apesar de ainda embrionária perto de seu potencial”, analisa.

Mesmo sem revelar o valor dos investimentos, o diretor garante que a cana deve ser o foco de atuação da Du- Pont nos próximos anos. “Estamos realizando investimentos significativos no desenvolvimento de novos produtos que trazem novas formulações e performance, com alto grau de tecnologia.” Outra estratégia adotada pela empresa para alavancar suas vendas é o lançamento de uma nova linha de produtos. O lançamento reúne dois fungicidas, ambos da DuPont, numa mesma embalagem. “É um modelo de venda mais completo para o produtor no tratamento de doenças fúngicas”, pondera Okamura. De olho no movimento do mercado, a empresa não descarta novas aquisições, mas garante que esse não é o seu foco. Segundo o diretor, as aquisições feitas pela companhia, entre elas a Syngenta, ex-concorrente, serviram para fortalecer sua área de atuação. “Agora estamos trabalhando para desenvolver tecnologias que agreguem mais valor”, conta o diretor.