Os bons ventos que sopram nos campos brasileiros trazem, vindos da Europa, novos grupos ávidos por bons negócios. O crescente consumo de defensivos químicos no País e a vocação nacional em alimentar o planeta desperta uma nova onda de investimentos. Empresas pouco conhecidas do público local, como a alemã DVA, espécie de fabricante “genérica” de insumos, querem tirar seu quinhão de prosperidade dos ricos campos brasileiros. “Acreditamos no Brasil. Por isso, vamos investir US$ 100 milhões nos próximos cinco anos”, avisa Carlos Pelicer, sócio-presidente da companhia no País. Desse total, US$ 30 milhões numa nova fábrica.

A empresa está presente em terras tupiniquins desde 1993, embora exista na Alemanha desde 1968. Contudo, a participação no mercado agrícola começou apenas em 2004. Mas o interesse estrangeiro vai bem além dos anseios por lucros e permeia a inauguração de uma nova onda de aportes financeiros. “A DVA vai centralizar toda a área de pesquisas em Ituverava, no interior de São Paulo. Lá será a nossa central mundial de pesquisa”, afirma.

A escolha do lugar não é por acaso. Com um sentido “simbólico”, são as mesmas terras em que brotaram as primeiras plumas de algodão do Grupo Maeda. Agora, o lugar abrigará áreas para o desenvolvimento de novas formulações para novos produtos, num sistema no mínimo curioso. O ponto forte da DVA não está no desenvolvimento de novas moléculas, a exemplo do que fazem outras empresas como Monsanto e Syngenta entre outras. “Criamos novas fórmulas misturando os princípios ativos e, com isso, surgem novos produtos”, explica Pelicer.

A missão de fazer frente a gigantes do capitalismo mundial num dos terrenos mais férteis para quem deseja explorar os negócios do campo, ou seja, o Brasil, não será fácil, reconhece o sócio-presidente. Mas ao menos a estratégia está montada. “Trabalharemos um portfólio bastante amplo de herbicidas, acaricidas, fungicidas e até mesmo fertilizantes”, diz Pelicer. A empresa, segundo ele, também terá uma área para a formulação de fertilizantes, item com maior alta no mercado agrícola.

CARLOS PELICER: sócio-presidente da empresa alemã no Brasil

Misturando Bayer com Syngenta, Monsanto com Basf, ou tantas combinações quantas forem possíveis, como moléculas fora de patente, o empresário acredita, mesmo, é que tenha descoberto a fórmula dos “milhões”. “Temos a convicção que o futuro da agricultura do mundo está no Brasil, por isso estamos revertendo todos os investimentos para cá, até porque, daqui a alguns anos, isso ficará muito caro”, analisa.

Com US$ 20 milhões em caixa para fazer “aquisições”, a empresa ainda terá uma área destinada a produtos naturais, esses desenvolvidos por seu departamento de pesquisa. “É crescente a demanda por produtos naturais, então pretendemos estar nas duas pontas da cadeia”, completa Pelicer. “Também vamos atuar com produtos pecuários. Temos uma divisão veterinária para tanto e uma série de produtos em processo de registro”, comenta.

O que eles esperam? “Pretendemos faturar mais de R$ 50 milhões em 2008”, revela. “Estamos com campanhas nos pontos-de-venda e queremos nos posicionar no mercado com uma variedade de soluções”, arrisca o sócio-presidente.