Base do rebanho nacional, na raça nelore tudo é superlativo: dos cerca de 200 milhões de bovinos criados no País, metade tem sangue da raça ou é um animal puro. Apenas os programas de melhoramento genético reúnem informação 16 milhões de animais, volume equivalente à metade de todo o rebanho da Austrália, terceiro maior exportador mundial de carne. Eles, que nasceram há pouco mais de duas décadas, são fonte de ricas informações. Entre os principais criadores de nelore, que apostam nos programas de melhoramento genético desde o início, está o empresário Alexandre Grendene, da Agropecuária Jacarezinho, com fazendas no interior de São Paulo e Bahia, vencedor do prêmio AS MELHORES DA DINHEIRO RURAL na categoria Genética da Raça Nelore.

Dono de uma das maiores empresas calçadistas do mundo, com faturamento de R$ 2,4 bilhões no ano passado, Grendene diz que nunca pensou em desistir da pecuária, embora ela represente uma pequena fração de seus negócios. No ano passado, a receita com a pecuária foi de R$ 25 milhões. Para ele, no entanto, a renda não é de se jogar fora. “Boi também é dinheiro e gera lucro”, diz Grendene. Da receita total na pecuária, R$ 9 milhões foram obtidos com a venda de 1,5 mil touros.

A atual aposta de Grendene está nas informações que podem ser reveladas pelo estudo do DNA dos animais, ou seja, no melhoramento por meio das pesquisas e aplicações genômicas. “É uma nova revolução na pecuária porque a avaliação de um animal pode começar ainda na fase de embrião”, diz Ian Hill, diretor de pecuária da Jacarezinho. Desde o ano passado, as dez mil fêmeas em produção passaram a ser genotipadas e os primeiros bezerros, fruto de escolhas baseadas em informações do DNA de cada pai e mãe, começarão a nascer a partir de 2014.

Segundo Hill, as avaliações genômicas foram uma escolha para ganhar tempo. Em geral, um touro é provado como realmente bom quando tem um grande número de filhos nascidos que conseguiram comprovar ganho para uma determinada característica como, por exemplo, maior peso no desmame de suas crias. Isso pode levar cerca de cinco anos, no mínimo. “Com a genômica, se uma característica de interesse está no DNA, ela tem a mesma credibilidade em qualquer idade do animal”, diz Hill. Para ele, a revolução genômica na pecuária está só começando, mas daqui para a frente ela será cada vez mais acelerada. Nas pesquisas, a Jacarezinho conta com a colaboração da Universidade Estadual Paulista (Unesp), e dos programas Gensys e Conexão Delta G.