Como Nos Tempos De Adão e Eva: filosofia prega a integração entre o homem e a natureza

Assim que desenvolveu o conceito da permacultura, no início dos anos 1970, o pesquisador australiano Bill Mollison buscava um sistema integrado de espécies vegetais e animais úteis ao homem que fosse totalmente sustentável. Segundo ele, “uma tentativa de se recriar um Jardim do Éden”, organizando a vida de forma que ela fosse abundante para todos, mas sem prejuízo para o meio ambiente. Na época, a ideia soava utópica, mas quase quatro décadas depois isso já é uma realidade em países desenvolvidos – como a própria Austrália, onde os recursos naturais são limitados e a energia elétrica caríssima.

Hoje existem milhares de permacultores naquele país e milhões de hectares de terra plantados de acordo com a filosofia, gerando renda sem degradar o solo, uma vez que os únicos aditivos utilizados nas lavouras são os biofertilizantes. A água da chuva também é aproveitada tanto para a irrigação quanto para o consumo e a geração de energia. Tudo integrado, como mandam as leis da permacultura. No Brasil, a atividade ainda é pouco conhecida, mas já vem chamando a atenção de produtores mais conscientes. Por aqui, o Ipec – Instituto de Permacultura e Ecovilas do Cerrado, em Pirenópolis (GO), é referência no assunto e já formou mais de dois mil permacultores.

“Temos muitos recursos naturais no Brasil, mas eles são usados de uma forma pouco eficiente”, afirma André Jaeger, que trabalhou com Bill Mollison na Austrália e fundou o instituto em 1997. “A permacultura é uma boa saída para a agricultura familiar orgânica ou para qualquer um que queira ser mais eficiente. Eficiência é sinônimo de ganhos maiores”, continua. Segundo ele, no entanto, não são só os grandes produtores que podem se beneficiar da modalidade. “É possível produzir boa parte do seu alimento no quintal de casa. Uma área de 47m² é suficiente para garantir o sustento de uma família inteira”, garante.

André Jaeger: o Brasil possui muitos recursos naturais, mas eles são aproveitados de uma forma pouco eficiente

Localizado em meio ao Cerrado goiano, o ecocentro do Ipec é referência em sustentabilidade no País. Mesmo com apenas um hectare disponível para a agricultura, sua horta é conhecida como “floresta de alimentos” devido à enorme variedade de produtos cultivados. Além disso, ainda existem porcos e galinhas no local. “Buscamos aproveitar cada cantinho da forma mais produtiva possível.”