É a portas fechadas que acontece acontece a maior parte das reuniões do Conselho Superior do Agronegócio (Cosag), órgão da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp). Mas, em abril, essa tradição foi quebrada. O auditório da avenida Paulista, em São Paulo, foi aberto a instituições bancárias e financeiras, distribuidores de biocombustíveis e entidades de classe, público interessado na agenda do dia. A pauta era como valorar os biocombustíveis. “A Política Nacional de Biocombustíveis, o RenovaBio, é um passo importante nesse momento porque com ele se abrem oportunidades”, diz Jacyr Costa Filho, presidente do Cosag e diretor da Região Brasil da francesa Tereos International.

“O RenovaBio é um passo importante nesse momento” Jacyr Costa filho: presidente do Cosag e diretor da Região Brasil da Tereos International (Crédito:Gabriel Reis)

O analista do Departamento de Biocombustíveis do Ministério de Minas e Energia, Paulo Roberto Costa, foi convidado pelo Cosag para explicar quais os instrumentos que poderiam atrair o mercado financeiro nacional e internacional para a comercialização dos Créditos de Descarbonização (CBios), que estão previstos no RenovaBio, aprovado no ano passado. Esses papeis, que serão negociados na B3, poderão ser comprados pelas distribuidoras de combustíveis. Ele vai servir para cumprir as metas assumidas pelo Brasil no Acordo de Paris, que rege medidas de redução de emissão de dióxido de carbono a partir de 2020. “O mercado de carbono será uma nova commodity”, diz Costa. “Ele tem crescido com a recuperação das economias mundiais e o RenovaBio é uma alternativa de investimento.”

Até o fim deste mês, as propostas de como os CBios vão funcionar devem estar na mesa do Conselho Nacional de Política Energética, órgão de assessoramento da presidência da República para a formulação de políticas e diretrizes de energia. A primeira regulamentação do CBio pode trazer atratividade para o investidor. É por ela que será definido quanto esse papel vai carregar de ativo, não só em benesse para o meio ambiente, mas qual precificação que ele possui para o mercado. Por exemplo, com base na biomassa produzida pelas usinas. “Esse é o tom das discussões no mercado financeiro”, afirma Costa. “Temos levado, nos fóruns internacionais, a mensagem de que não há nenhum tipo de subsídio no Brasil, ou qualquer outro incentivo que não seja a valorização dos biocombustíveis como forma de descarbonização dada a mercado”. De acordo com o executivo, a única função do governo é a implementação das regras para os bicombustíveis, não somente vindos da cana-de-açúcar, como também da soja, do milho e da gordura animal.