JOSÉ MANUEL ARANA: características da Agromen serão mantidas e ferramentas de gestão serão incorporadas para aumentar a eficiência

O mercado de milho segue animado no Brasil. O principal motivo para a empolgação é a possibilidade de o País se consolidar também nessa cultura como um grande exportador. Dados do setor mostram aumento de consumo mundial e elevações de preços nas cotações internacionais desde outubro do ano passado. Com preços mais firmes, começam as movimentações entre as empresas que fornecem tecnologia para o campo. No mês passado a Dow Agrosciense, subsidiária da norte-americana The Dow Chemical Company, que possuivolume anual de vendas de US$ 3,5 bilhões anunciou a compra da Agromen Tecnologia Ltda., localizada no município de Orlândia (SP).

A empresa encampada era responsável pela divisão de desenvolvimento e produção de sementes de milho do Grupo Vale do Verdão, que mantém as divisões de soja, sorgo e forrageiras, todas com a marca Agromen. A unidade responde por 11% do mercado nacional de sementes híbridas de milho, setor em que atua há 35 anos e fatura R$ 70 milhões ao ano. A transação alça a Dow Agrosciense para a terceira colocação nesse mercado, atrás de Monsanto e Pionner. Os valores negociados não foram confirmados, mas as estimativas de mercado apontam para um aporte superior a US$ 100 milhões, aproximadamente R$ 190 milhões. O valor tem como base oferta realizada pela Dow Agrosciense à principal concorrente da Agromen, a Agroeste, de Santa Catarina. As negociações, porém, não foram adiante e para avançar no mercado de milho restou para a multinacional a chance de adquirir a empresa do interior paulista. E, segundo fontes, a negociação não foi nada fácil.

As conversas começaram em março de 2006, mas só se concretizaram em julho deste ano. “É muito difícil resistir ao assédio das multinacionais”, revela Leonardo Mendonça Tavares, do Grupo Vale do Verdão, ex-controlador da divisão de sementes de milho da empresa. A transação inclui todos os ativos de produção, comerciais e de pesquisa para desenvolvimento de sementes de milho da Agromen. “Pretendemos expandir nossos negócios do setor de álcool e açúcar comprando ou construindo nossa quarta usina, provavelmente no Estado de Goiás”, explica. Para o novo presidente da empresa, José Manuel Arana, a oportunidade será muito bem aproveitada e apenas pequenos ajustes serão realizados na estrutura. A empresa continuará operando com o mesmo nome e terá administração independente.

“Vamos trazer algumas ferramentas de gestão utilizadas na Dow Agrosciense, mas todos os outros setores serão mantidos e novos investimentos vão acontecer”, revela. Segundo ele, a pesquisa da Agromen tem trabalhado num ritmo acelerado nos últimos anos, o que não será necessário mudar. Arana comenta que a Agromen é a sexta empresa do setor de milho adquirida nos últimos seis anos. “É um mercado estratégico para a Dow Agrosciense que deve continuar em expansão nos próximos anos”, diz. Ele não confirma se a multinacional continuará “indo às compras”, mas comenta que a compra da Agromen coloca a empresa americana numa posição mais confortável no Brasil. “Vamos continuar investindo”, afirma.