Temas do agronegócio que mais se parecem agenda de extraterrestes para muitos produtores, mas que podem impactar a produção no campo, estão na ordem do dia para o setor, entre eles a química verde, a modelagem quântica, a nanotecnologia e os marcadores moleculares, só para começar. Para aproximar os produtores e pesquisadores de temas dessa natureza, o instituto de marketing em Agribusiness (i-uma), de Porto Alegre, marcou um encontro para o dia 26 de setembro, data escolhida para o 9º Seminário Nacional de Marketing no Agronegócio (agrimark), na capital gaúcha. O foco do evento é a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (embrapa), que neste ano completa quatro décadas. “As ações da Embrapa, até aqui, ajudaram a transformar a agropecuária brasileira”, diz José Américo da Silva, presidente do i-uma. “E acredito que ela ainda vai nos levar a patamares de qualidade e produtividade ainda mais altos.”

A Embrapa é um organismo relativamente jovem na história do agronegócio brasileiro. Nasceu exatamente no dia 26 de abril de 1973. À época, a política do governo federal, sob o comando do general Emílio Garrastazu Médici, terceiro presidente do regime militar, era ter um órgão que comandasse de forma unificada o desenvolvimento tecnológico rural brasileiro, até então espalhado por unidades independentes. A criação da Embrapa, que ajudou os agricultores brasileiros a se transformarem em referência mundial em culturas tropicais, é considerada também um marco na história recente do País. Hoje, porém, o desafio não é mais saber se o Centro-Oeste é capaz de produzir, e sim para onde estão indo as pesquisas mundiais e como o País se posiciona frente a elas.

Para dar as respostas de que os produtores precisam, além das unidades locais, a Embrapa mantém bases em vários países, como Estados Unidos, França, Inglaterra, Coreia do Sul e China. Não existe área no agronegócio em que não haja algum pesquisador da Embrapa. “O campo é responsável por um terço do PIB brasileiro e a Embrapa tem crédito nessa conta”, diz Américo da Silva. Atualmente, a Embrapa trabalha com um orçamento anual de R$ 2,3 bilhões – considerado extremamente baixo pelo setor produtivo do País – para sustentar um quadro de cerca de dez mil funcionários, dos quais 2,4 mil são pesquisadores. Entre eles, 74% têm doutorado e 7% têm pós-doutorado.

Um dos doutores, o engenheiro florestal Edson Luís Bolfe, atual chefe adjunto da Embrapa Monitoramento por Satélite de Campinas (SP), estará no Agrimark para falar sobre geotecnologias e inteligência na agricultura. Bolfe vai mostrar como funciona o Sistema de Observação e Monitoramento da Agricultura (Soma), uma ferramenta que permite mapear de forma precisa as áreas agrícolas. “E é gratuita para o produtor”, diz Bolfe. “Vamos mostrar, também, uma análise inédita sobre as duas últimas safras de grãos”, diz. Além dele, estarão no seminário os pesquisadores Guy de Capdeville, da unidade agroenergia, Ladislau Martin Neto, diretor-geral de pesquisa e desenvolvimento, e o presidente da Embrapa, Maurício Antônio Lopes. A coordenação dos trabalhos que encerram o dia de discussões será do diretor editorial adjunto da editora três, o jornalista Luiz Fernando Sá.