As escolas particulares da cidade de São Paulo vão escutar os pais para encontrar a melhor maneira de retomar as atividades presenciais. Mesmo com a estrutura montada há tempos para o retorno dos alunos, os colégios realizarão novas pesquisas para definir como será o início desse retorno em meio à pandemia do novo coronavírus.

Os colégios Santa Cruz, Bandeirantes, Dante Alighieri e Porto Seguro pretendem realizar reuniões internas e também com os pais para definir como ocorrerá a retomada. Ontem, esses colégios preferiram não se manifestar oficialmente.

A coordenadora do Colégio Brasil Canadá, Bruna Elias, disse que sua escola também realizará uma consulta. “Já temos trabalhado com protocolos há algum tempo e estamos pronto para esse retorno, para receber os alunos. De qualquer forma, temos realizado pesquisas com os pais para saber quem gostaria de retornar. Agora, com essa definição da data, vamos ouvi-los novamente. A ideia é começar por meio de rodízio, com número de alunos reduzidos.”

A escola tem cerca de 180 alunos, da educação infantil, com alunos de 1 ano, até o nono ano do ensino fundamental. Bruna informou que os pais de alunos mais novos estão mais ansiosos pelo retorno presencial, enquanto que os responsáveis pelos mais velhos têm mais receio e dizem que os filhos já estão adaptados às aulas online. “Mas isso era antes da definição da Prefeitura. Pode ser que as coisas mudem.”

A consultora de inovação Regiane Rubino, não pretende autorizar que o filho Nicolas, de 15 anos, retorne às atividades do 1º ano do ensino médio do Colégio Humboldt, da região de Interlagos. “Durante seis meses de pandemia, houve uma adaptação para o ensino a distância e eu acho insano retornar por apenas dois meses de ano letivo, até porque a pandemia não está controlada. Além disso não me sinto segura mesmo com todos os protocolos de segurança a serem adotados pela escola”, comenta. Apesar de entender a importância da socialização para a saúde emocional dos adolescentes, a consultora acredita que o filho está tendo um bom aproveitamento escolar com as aulas remotas, sobretudo a partir do segundo semestre.

Já a mãe dos gêmeos Lucas e Gabriel, de 8 anos, e de Lígia, de 14, a dentista Vanessa Giacometti é favorável ao retorno dos filhos às atividades no Colégio Santa Maria, em Jardim Taquaral. De acordo com ela, os filhos não “aguentam mais o confinamento” e, mesmo que as aulas remotas pelo computador ou celular tenham sido levadas com otimismos pelos filhos, ela acredita que já é hora de voltar. “A gente perde muito, por conta do espaço que a escola proporciona. Eles praticamente não saem do apartamento. Se as atividades retornarem, eles também retornarão com certeza, com todos os cuidados.” Na instituição, as cantinas não vão funcionar e as atividades ao ar livre serão mais frequentes.

Professores

O retorno também não encontra consenso entre os docentes. Não faz muito tempo, o professor Rodrigo Caccere, de 38 anos, assistiu a uma live com gráficos sobre o comportamento do coronavírus e o processo de retomada na França. Diante do exemplo do país europeu, imediatamente lhe veio à cabeça a comparação com o Brasil. “As escolas francesas só reabriram quando a curva foi lá para baixo. Mas, aqui, a gente decide voltar às aulas mesmo diante de uma variação pequena de casos, com o número praticamente estável, e sem um cenário claro de declínio de mortes.”

Já a professora do ensino infantil da rede municipal Márcia Bragança, de 44 anos, era contrária ao retorno até pouco tempo. “Mas penso na vulnerabilidade social que essas famílias estão enfrentando”, pondera em defesa da retomada.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.