Terra à vista: o diretor da Sotheby’s Hélio Vasconcelos pretende atrair investidores estrangeiros para o País

Quando chegou ao Brasil, a casa de leilões inglesa Sotheby’s, famosa por leiloar obras de arte de artistas renomados como o pintor Pablo Picasso e levantar com isso verdadeiras fortunas, tinha seu foco voltado para o emergente mercado de imóveis de luxo. Mas bastaram dois anos atuando no País para que as atenções da empresa se voltassem para o campo brasileiro. De olho no bom desempenho do setor, a empresa decidiu dedicar seu quinto escritório no país, aberto no início do ano em Campo Grande (MS), exclusivamente para intermediação de vendas de propriedades agrícolas. Agora os planos são de acelerar nesse terreno. A estimativa é de que o “braço” agrícola da empresa até o fim do ano já responda por 8% do volume de vendas no Brasil, que deve chegar a R$ 1,2 bilhão em 2009. “O momento é ideal para entrar nesse segmento. Queremos ser a maior imobiliária a atuar no campo”, explica o diretor do escritório agrícola da Sotheby’s, Hélio Vasconcelos.

A confiança do executivo se deve ao atual momento do mercado de terras, que após um momento de lentidão, devido à crise, começa a dar sinais de recuperação. “O mercado ainda não aqueceu. O que surpreende, porém, é que existia a expectativa, antes e depois da crise, de redução de preço da terra. Mas isso não está se confirmando.” Para a analista de mercado de terras da agência Agra/FNP, Jacqueline Bierhals, os altos preços das commodities no mercado internacional e a retomada de investimentos estrangeiros no País contribuíram para que os preços de terras se mantivessem fortes. “De fato, o que observamos foi uma valorização média de 2,5% nos últimos 12 meses”, pondera a analista. Segundo Vasconcelos, um cenário propício para quem quer fazer negócios. “O preço está estabilizado. Para o produtor que quer investir em terras, o momento é oportuno”, diz.

Para ganhar a confiança dos produtores brasileiros, dispostos a comprar ou vender fazendas, a empresa aposta no seu know-how internacional e em uma equipe de técnicos para prospectar possibilidades de negócios. “Temos toda a expertise para atender esse investidor cada vez mais exigente”, revela Fabio Rossi, diretor da Sotheby’s no Brasil, que conta que a empresa já realiza negócios nos Estados de São Paulo, Minas Gerais, Paraná, Rio Grande do Sul e Mato Grosso do Sul.

R$ 1,2 bilhão é a estimativa do volume de vendas da empresa para 2009; 8% disso já deve vir dos negócios rurais

Uma das estratégias da companhia para se firmar nesse mercado será usar sua presença internacional – ela está presente em 40 países e possui 350 escritórios só nos EUA – para atrair capital do Exterior. “Queremos atender compradores estrangeiros. Hoje já atendemos três grupos internacionais que analisam investimentos no Brasil, sem dúvida o melhor país para se investir no agronegócio”, revela Rossi.

E os negócios rurais da Sotheby’s vão além da intermediação de compra e venda de terras. A empresa pretende também ser representante de investidores. A ideia é analisar condições de fazendas, tanto em relação a sua capacidade produtiva quanto a sua situação legal e fechar negócios em nome de produtores, empresas ou fundos de investimentos. “Vamos atuar nas duas pontas da intermediação imobiliária, fazendo a representação do comprador, o que é comum nos Estados Unidos. Ficamos responsáveis por verificar oportunidades e conduzimos toda a negociação, desde a análise da propriedade até o fechamento do negócio. É algo mais voltado para os estrangeiros que buscam segurança para entrar no País”, finaliza o diretor.