Cientistas do Centro de Aquicultura da Unesp (Caunesp) identificaram uma bactéria em pesquisas na área de piscicultura no Brasil. A klebsiella pneumoniae afetou uma criação de Tilápia-do-Nilo (Oreochromis niloticus), do grupo das tilápias, um dos peixes mais consumidos no país.

“Essa descoberta foi surpreendente e preocupante, pois essa espécie bacteriana é muito associada a infecções em humanos, principalmente aqueles internados em hospitais. Esta doença causa vários tipos de infecções, desde infecções urinárias, infecções hospitalares, septicemia e pneumonias”, descreveu Daiane Vaneci da Silva, uma das pesquisadoras líderes.

As evidências para o estudo indicam que K. pneumoniae tem ampla distribuição ecológica, alta frequência e diversidade de genes de resistência antimicrobiana (AMR), numerosos fatores genéticos que contribuem para sua capacidade de causar doenças em humanos e é um importante traficante de genes de resistência a medicamentos do meio ambiente para bactérias clinicamente importantes.

A possível causa da infecção de peixes pela bactéria está relacionada ao fato desta ser encontrada em diferentes ambientes e fazer parte da microbiota do solo e de corpúsculos na água.

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O uso de antimicrobianos pode ser arriscado, se for uma estratégia buscada por pescadores e criadores de peixes. “Isto é mais preocupante ainda porque pode-se estar criando cada vez mais bactérias resistentes aos antimicrobianos, agravando ainda mais a situação. O ideal é sempre procurar um laboratório de diagnósticos para que sejam realizadas análises adequadas para uma identificação de patógeno”, sugerem os pesquisadores.

Bactéria não oferece risco para a tilápia, diz associação

A Associação Brasileira da Piscicultura (Peixe BR) afirma que a bactéria Klebsiella pneumoniae não oferece risco para a tilápia produzida no Brasil. A entidade consultou diversos especialistas e enfatiza que a referida bactéria não é um patógeno da tilápia e, assim, não representa risco para a atividade e os consumidores brasileiros.

“A entidade tranquiliza a cadeia produtiva e os consumidores, ressaltando que as práticas de biosseguridade utilizadas na piscicultura brasileira possibilitam identificar eventuais patógenos prematuramente, agindo proativamente para evitar sua proliferação”, finaliza o informe da entidade.