OPÇÃO: usinas poderão optar entre produzir energia ou combustível

A busca por combustíveis superiores, mais limpos e ecologicamente corretos está despertando uma febre mundial: o etanol de celulose. Considerado a evolução de seu predecessor, esse novo combustível, ainda sem produção em escala comercial, pode abrir um novo ciclo na corrida pelos melhores biocombustíveis e, como não poderia deixar de ser, o Brasil está no páreo. No caso brasileiro, assim que a tecnologia for dominada, será aberto um novo flanco para as usinas de todo o País. Será possível produzir etanol não apenas da cana-de-açúcar, mas também de seu bagaço e de sua palhada.

Quem comanda as pesquisas é o Centro de Tecnologia da Cana (CTC), espécie de Embrapa da iniciativa privada, que possui orçamento anual de RS 100 milhões. Apesar de as pesquisas não estarem tão avançadas como em outros países, não há, segundo o gerente de desenvolvimento do CTC, Jaime Finguerut, risco de o Brasil perder o bonde da história e ficar para trás. “No Brasil o cenário não é crítico, pois temos muitas áreas. Mas com o etanol de celulose poderemos aumentar a produção entre 30% e 80%, sem expandir a área”, define.

Financiado por cerca de 175 empresas, o CTC mantém pesquisas estudando o etanol feito a partir do bagaço da cana. “Ele mostra o maior potencial, não só pela quantidade como também por já ser uma matéria prima das usinas, diz Finguerut”. Ou seja, com o etanol de bagaço da cana será possível ampliar a produção nas usinas já instaladas, sem ter de mudar a matéria-prima, tampouco adquirir novas áreas.

A possibilidade é vista com bons olhos pela indústria, como ressalta o consultor técnico da União da Industria Canavieira (Única), Alfredo Szwarc. “Nossa produção é de sete mil litros por hectare. Acreditamos que poderemos chegar a 13 mil litros por hectare. Isso aumenta a produtividade com efeitos interessantes para o País.” O bagaço da cana é utilizado para gerar energia elétrica, o que, em alguns casos, chega a ser o segundo negócio da empresa. Mas, para Szwarc, essa possível concorrência não trará problemas. “Será uma outra alternativa para o usineiro. Quando esse etanol existir em escala comercial, o mercado determinará a produção”, diz. Em outras palavras, o produtor produzirá aquilo que for mais rentável. Além disso, o consultor lembra que existem outras alternativas para o etanol celulósico. “Quando esse etanol existir, poderemos aproveitar a palha da cana. Um material pouco usado pelas usinas.” Nos Estados Unidos, país que desembolsou em 2007 US$ 1 bilhão em pesquisas para a produção do etanol de celulose, a estimativa é de que até 2011 o produto seja uma realidade. Naquele país, as pesquisas caminham em diversas frentes, usando resíduos de diferentes produtos. Já no Brasil, essa previsão ainda é vaga, porém uma coisa é certa: tudo dependerá dos investimentos. “Temos totais condições de vencer essa corrida, mas apenas se tivermos apoio e investimento”, pondera Finguerut.

 

 

 

 

 

 

 

 

JAIME FINGUERUT: as pesquisas estão no começo, mas prometem resultados