São Paulo, 16 – O secretário de Defesa Agropecuária, Luís Rangel, do Ministério da Agricultura, voltou a afirmar que a Europa tem colocado a salmonela como ponto de negociação das carnes brasileiras, ressaltando que isso é feito “de uma maneira que consideramos inadequada”. “A salmonela virou um palavrão para a sociedade urbana”, disse Rangel, no painel “As mudanças na economia mundial e seus reflexos sobre o agronegócio brasileiro”, dentro do Seminário Desafios e Perspectivas do Agronegócio Brasileiro, promovido pelo Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) da FGV .

O secretário ressaltou que apenas dois tipos de salmonela representam risco à saúde. “A gente agora está sofrendo na pele, a partir de um processo de investigação no Brasil, uma renegociação sob o calor dessa questão da salmonela. O que a gente tem feito é se alicerçar na ciência para fazer a negociação da melhor forma possível.”

Sobre o comércio internacional, o secretário disse que a meta do ministério é elevar a participação do agronegócio brasileiro de 6,9% para 10%. “É preciso modernizar a Defesa Agropecuária para torná-la dinâmica na proporção que o agronegócio é.”

O representante da FAO no Brasil, Alan Bojanic, destacou, no mesmo painel, que o comércio internacional deve ter crescimento com taxas menores nas próximas décadas em virtude do aumento do protecionismo. “Temos um grande risco de que a decisão inesperada do presidente dos EUA sobre aço e alumínio deixe o mundo do comércio bastante bagunçado. A União Europeia está falando de retaliações, a China também. A Organização Mundial do Comércio (OMC) fica em uma situação muito mais fraca.”

O diretor geral da Agroicone, Rodrigo Lima, ponderou, todavia, que, com a posição protecionista do presidente dos EUA, Donald Trump, o Brasil vê uma aproximação com o México, que sempre foi um mercado exigente em questões fitossanitárias. “O México está comprando milho. Daqui a pouco, pode comprar frango, suco de laranja.” Segundo ele, o Brasil tem a oportunidade de crescer no mercado internacional com a conversão de pastagens para agricultura. “A grande expansão ocorrida hoje no Cerrado se dá sobre áreas de pastagem.”