Sem financiamento ou apoio partidário, iniciativas de candidatos negros ficam pelo caminho. A enfermeira Rita Manuela se lançou ao cargo de deputado federal pelo Patriota em 2018, mas, embora a sigla tenha dado aval para que seu nome fosse às urnas, a candidatura não foi contemplada na divisão do fundo eleitoral. “Entrei zerada e saí zerada.” Do partido, ela recebeu apenas os serviços de assessoria e consultoria contábil, estimados em R$ 400.

Para Rita, o Patriota a colocou na disputa apenas para cumprir o número mínimo de mulheres, mas que, caso ela fosse uma candidata branca, a situação poderia ter sido diferente. “Mulheres negras recebem menos, têm menos participação e menor avaliação de viabilidade (eleitoral)”, afirmou ela, que desistiu da eleição. Procurado, o Patriota não se manifestou até a conclusão desta edição.

A situação de Rita se repete em outros partidos. Candidato a deputado estadual no Rio pelo PDT em 2018, o cientista social Vitor Del Rey disse que desistiu da campanha “antes mesmo de começar” porque não recebeu apoio do seu partido. “Não tínhamos dinheiro para financiar, cheguei num momento em que eu tinha mais dívidas que dinheiro para arrecadar”, relatou. Segundo o TSE, ele não recebeu recursos do partido para fazer campanha. “O fato de eu ser negro, somado ao de não ter padrinhos e histórico político, contribuiu para a falta de verba vinda do partido.”

O PDT afirmou que a gestão da verba partidária é “uma deliberação interna do diretório regional, priorizando candidatos a presidente, governadores, senadores e deputados federais”. Segundo a sigla, os critérios para a distribuição de verba “vão de tempo de filiação a efetiva participação na organização do partido”. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.