Goiânia, 11 – O encerramento das atividades da fábrica de fertilizantes nitrogenados (Fafen) da Petrobras em Camaçari (BA), anunciado em meados de março deste ano, prejudicou os pecuaristas do País, pois, a partir de então, o setor ficou totalmente dependente das importações de ureia para suplementação dos animais, disse o presidente da Comissão de Pecuária de Corte da Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg), Maurício Velloso. O executivo falou durante a abertura da 11ª edição da Conferência Internacional de Pecuaristas (Interconf), promovida pela Associação Nacional da Pecuária Intensiva (Assocon) em Goiânia, nesta terça-feira.

Na época do anúncio, a Petrobras alegou problemas financeiros. Segundo a companhia, somente em 2017 houve prejuízo médio de R$ 200 milhões. A unidade de Camaçari iniciou suas atividades em 1971, para produção de fertilizantes nitrogenados a partir do gás natural dos campos produtores de petróleo da Bahia e de Sergipe. A fábrica produzia insumos como amônia, ureia fertilizante, ureia pecuária, ureia industrial, ácido nítrico e hidrogênio.

Além das importações, Velloso destaca que a ureia pecuária tem incidência tributária de 10% em PIS/Cofins, imposto que não incide sobre a ureia direcionada para a agricultura.

“O recente aumento do dólar impulsiona as exportações, mas onera a produção de gado. Medicamentos, por exemplo, ficam mais caros porque são pagos com a moeda norte-americana. Custos altos levaram produtores à redução no pacote tecnológico e a produtividade do gado foi comprometida”, explicou o executivo.

Ainda sobre os itens que elevaram as despesas dos pecuaristas, Velloso destacou o aumento nos preços dos grãos, que ocorre desde o início do ano, com a quebra de safra da Argentina.

Em um ano eleitoral, o presidente da Faeg destacou que a “interlocução da pecuária com o governo precisa melhorar”. “Na política, temos de eleger representantes da pecuária capacitados”, acrescentou.

O executivo também disse que as intenções de confinamento caíram depois da greve dos caminhoneiros, em linha com a redução nas expectativas de consumo e do crescimento econômico do País. “As negociações feitas após a greve também foram prejudiciais”, acrescenta. A principal medida decorrente da greve, ocorrida entre maio e junho, foi a tabela de preços mínimos para o frete rodoviário que onerou os custos de transportes de insumos, como a ração.

*A jornalista viaja a convite da Assocon