Apesar da desaceleração do Índice de Preços ao Consumidor Semanal (IPC-S) de 0,52% para 0,51% entre a segunda e a terceira quadrissemana de agosto, a difusão do indicador cresceu de 62,9% para 63,6% no período, de acordo com o coordenador da pesquisa na Fundação Getulio Vargas (FGV) Paulo Picchetti. A taxa mede a proporção dos itens que compõem o índice e tiveram inflação no período.

De acordo com Picchetti, os resultados do IPC-S vêm de dois movimentos: por um lado, a maior parte dos grupos perde tração e, por outro, os alimentos tiveram um repique e ganham força. Do fechamento de julho até a terceira quadrissemana de agosto, a taxa do grupo subiu de 0,13% para 0,72%.

“É um grupo que está com comportamento muito volátil, com altas e baixas. O delta dos alimentos in natura foi de 0,02 ponto porcentual agora, explicado todo pela alta de 5,13% do tomate”, explica Picchetti. “O tomate está subindo 16% na ponta, e tem outras pressões como mamão, com mais de 30% na ponta, e carnes, que têm cortes com mais de 10%, mas outros itens caindo, como feijão (-8%) e manga (-7%).”

De acordo com o economista, o IPC-S deve chegar ao fim de agosto com taxa em torno de 0,50%, sustentado pela alta da alimentação. Mas o comportamento de outros grupos, como os Transportes, vai ajudar a mitigar a pressão. Picchetti diz que tudo indica que os combustíveis vão manter a trajetória de desaceleração.

“A gasolina desacelerou de 3,07% para 2,56%, mas na ponta está subindo menos, 2%. O etanol também está desacelerando, subiu 0,3% nesta quadrissemana e avança 0,2% na ponta. Até o final do mês com certeza vamos continuar vendo essa desaceleração”, afirma.

Câmbio

Na terceira quadrissemana de agosto, o grupo dos produtos industrializados do IPC-S desacelerou de 0,56% para 0,54% e os comercializáveis tiveram leve alta, de 0,31% para 0,38%, segundo Picchetti. “Isso não chega nem perto da alta do câmbio. Eu digo que ainda não vemos efeitos de pass through na ponta para o consumidor”, pontua.

Nos demais grupos, os preços administrados cederam de 2,06% para 1,81% e a taxa dos serviços arrefeceu de 0,12% para 0,03%, de acordo com o economista da FGV.