A desaceleração do Índice de Preços ao Consumidor – Semanal (IPC-S) entre a segunda e a terceira leitura de abril (1,84% para 1,47%) mostrou alívio do quadro de inflação, puxado por energia elétrica e gasolina. A avaliação é do coordenador do índice na Fundação Getulio Vargas (FGV), Paulo Picchetti, que reduziu pela metade a previsão para o IPC-S do mês, de 1,80% para 0,90%.

A redução dos preços da eletricidade residencial (2,30% para -2,08%), na esteira da troca da bandeira tarifária de “escassez hídrica” para “verde”, teve impacto negativo de 0,21 ponto porcentual sobre o índice, enquanto o alívio da gasolina (7,80% para 5,45%), devido ao fim dos efeitos do último reajuste da Petrobras, retirou 0,16 ponto da inflação.

“Ambos os itens vão continuar ajudando bastante até o fim do mês, porque a ponta da energia está em torno de uma queda de 15,0% e a gasolina está quase zerada, em torno de 0,10%”, diz Picchetti. “Esses dois itens têm os principais efeitos, mas, ao mesmo tempo, não tem nada do outro lado para contrabalançar esses impactos para baixo.”

A difusão do IPC-S, que mede a proporção de itens com aumento de preços na leitura, arrefeceu de 83,23% na segunda quadrissemana para 77,10% nesta leitura. De acordo com Picchetti, o movimento sinaliza ao menos uma interrupção da tendência de aumentos dispersos no índice, que pode se confirmar no fechamento do mês.

O analista destaca ainda entre os sinais de alívio o desempenho do grupo Alimentação (1,97% para 1,82%), com sinais de desaceleração dos alimentos in natura. A desaceleração do aluguel residencial (3,12% para 2,62%) também é um sinal positivo à frente, já que, na ponta, o item arrefece a cerca de 1,0%, observa o economista.

Entre as pressões para cima sobre o índice, Picchetti cita os medicamentos em geral (1,75% para 2,61%), pressionados pelo aumento de preços de 10,89% autorizado pelo governo a partir de 31 de março. O economista espera uma alta em torno de 6,0% para o grupo no fim do mês, considerando as pontas de itens como remédios dermatológicos (6,0%), oftalmológicos (5,6%) e calmantes e antidepressivos (5,0%). A passagem aérea (7,04% para 10,50%) também avança na ponta, a 20,0%.