A Associação Brasileira de Hereford e Braford (ABHB) criou um selo de qualidade para a carne dos animais da raça que forem abatidos em frigoríficos de todo o País. Os criadores que conseguirem que seus animais sejam certificados nesses frigoríficos por técnicos da ABHB podem receber até 10% acima do preço de mercado da arroba de boi gordo, como bonificação pela qualidade da carne. O selo, que tem por trás uma série de normas, foi registrado no Inpi e apresentado em junho, durante a Feira Internacional da Cadeia Produtiva da Carne (Feicorte), em São Paulo. “A ABHB já tinha em seu programa de carne de qualidade, criado há quase dez anos, o lema: prepare-se para ficar mais exigente”, diz o presidente da associação, Fernando Lopa. “Agora, o criador vai contar com o aval da associação, dentro do frigorífico, para receber mais pela maciez, suculência e sabor da carne que produz.”

No ano passado, 2,5 mil produtores de gado de corte inscreveram 130 mil animais no programa da ABHB. Desse total, foram classificadas 56 mil reses, com duas mil toneladas de carne disponível. Em 2011, o volume de carne havia sido de 1,4 mil toneladas. Essa carne sai do Rio Grande do Sul para dois mil pontos de venda no País, principalmente em São Paulo. Os animais são abatidos em unidades do Marfrig e do frigorífico Silva. “Com a criação do selo, o projeto é expandir o programa para outros Estados”, diz Lopa. O selo também permite que animais cruzados de hereford com nelore, como os do Centro-Oeste do País, participem do programa.

Para o criador gaúcho Celso Ávila Júnior, pode se repetir, no caso do hereford, o que já ocorreu com o angus. Com o programa de carne certificada, no ano passado foram vendidas quase três milhões de doses de sêmen de angus para inseminação artificial, 20 vezes mais do que o atingido pela dupla hereford–braford. “Incentivar o cruzamento industrial fora do Rio Grande do Sul ajuda os criadores de animais superiores”, diz Ávila.

Mercado é o que não falta. A ABHB está finalizando o mapeamento em seis Estados para saber onde já existe gado cruzado de hereford com nelore. “Vamos ligar as duas pontas: a demanda dos frigoríficos com os animais que estão no pasto”, diz Lopa. A oferta de animais da raça pode resolver o problema de empresários como Eduardo Fornari, dono do restaurante Vermelho Grill, em Campo Grande (MS), com uma filial em Porto Alegre. Fornari compra 100 toneladas de carne de gado hereford por ano, toda ela produzida no Rio Grande do Sul. “Não encontro carne de qualidade da raça em outro lugar”, diz Fornari. “Mas, se houvesse, eu compraria”.