O coordenador do Índice de Preços ao Consumidor (IPC) da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), Guilherme Moreira, elevou de 0,93% para 1,0% a sua projeção de inflação de setembro, após a leitura mais pressionada da segunda quadrissemana do mês. Apesar de ter desacelerado de 1,34% para 1,21%, o IPC ficou acima da expectativa da Fipe, de 1,14%.

Moreira destaca a aceleração do item viagem (16,27% para 18,81%), que adicionou 0,18 ponto porcentual ao IPC nesta leitura e acelera a 21,51% no critério ponta, que indica tendência.

“Esse item está dentro da sazonalidade, mas com um aumento acima do normal”, diz Moreira. “Como viemos de uma pandemia, a minha sensação é que esse aumento vai ser muito maior do que das vezes passadas.”

Pressionado pelo reajuste de 7% anunciado pelas distribuidoras em 1º de setembro, o gás de botijão acelerou de 1,93% para 2,90% e, na ponta, sobe 6,12%.

Moreira identifica pressões também na gasolina (2,09% para 2,53%) e etanol (4,78% para 5,56%), que sobem 2,76% e 5,23% na ponta, respectivamente.

Em contrapartida, a energia elétrica residencial desacelerou de 9,11% para 4,97% e, na ponta, cai 0,98%. “Há uma tendência de acomodação, porque os preços já estão muito altos”, explica o economista.

Segundo Moreira, o grupo Alimentação (1,87% para 1,63%) deve continuar pressionando o IPC-Fipe até o fim do mês, devido ao ritmo de aumento de produtos industrializados (1,76% para 1,84%) e semielaborados (1,59% para 1,46%).