ESTOQUE ABUNDANTE: empresa já produz toda a madeira necessária para abastecer suas fábricas

Ela já tem 246 anos de vida, é a maior fabricante de lápis do mundo e detém a liderança absoluta do mercado no Brasil, mas não está satisfeita. Preocupada com o meio ambiente, e também com o futuro de sua principal matéria- prima, a madeira, a Faber-Castell vem investindo pesado em ações ambientais nos últimos anos, o que já vem lhe rendendo bons frutos. A empresa, que consome anualmente mais de 100 mil toneladas de madeira, hoje já consegue, através de seu programa de reflorestamento, ser auto-suficiente e ainda formar um estoque respeitável para os próximos anos.

 

Com uma produção diária de mais de sete milhões de lápis, o que equivale a mais de dois bilhões por ano, a Faber-Castell detém hoje nada menos que 85% de participação no mercado de lápis de cor no Brasil, além ser o único fabricante de lápis cosméticos do País, produzindo para grandes marcas como Avon, Natura e Lancôme.

Portanto, não pode correr riscos, como em caso de um “apagão” de madeira.

De olho nisso, a empresa vem investindo R$ 4 milhões por ano na manutenção de suas áreas de reflorestamento, que chegam a 9,6 mil hectares, na região de Prata, em Minas Gerais. Tudo certificado pela FSC – Forest Stewardship Council –, um reconhecido conselho internacional de manejo ambiental. “O FSC é um selo dado apenas aos produtos ambientalmente corretos e sustentáveis. Ele ainda não é muito conhecido no Brasil, mas é muito forte em todo o mundo, pois em seu conselho participam membros do Greenpeace e do WWF”, conta Jairo Cantarelli, gerente da divisão de madeira da Faber-Castell, lembrando que parte dos materiais produzidos é exportada para mais de 70 Países.

Formar uma floresta, no entanto, é algo muito demorado. Para a fabricação dos lápis, a Faber-Castell utiliza madeira pínus, que tem um ciclo de 25 anos, mas, para ajudar no desenvolvimento das árvores, é feito um primeiro desbaste após oito anos, um novo depois de 12 anos e um terceiro corte aos 18 anos, sempre em áreas alternadas para não prejudicar a fauna local. Vale lembrar que o clima brasileiro também ajuda na formação da floresta, uma vez que este ciclo de 25 anos equivale a 60 anos na Alemanha e 100 anos nos países escandinavos.

SEM PARAR: linha de produção trabalha em três turnos para dar conta da produção de sete milhões de lápis por dia

Adulta, cada árvore rende em média três mil lápis, mas 100% da madeira é utilizada. “Seus restos, como cascas e recortes, são vendidos como subprodutos para a indústria de compensados. Já as menores partes, como a serragem, também são utilizadas para alimentar as caldeiras das fábricas, e até as cinzas resultantes da queima são usadas como adubo. Totalmente sustentável”, completa Jairo Cantarelli.

Mesmo com um custo relativamente alto, o projeto já tem dado resultados na prática. De acordo com os executivos da Faber-Castell, a empresa vem registrando crescimento superior a 12% ao ano nos últimos quatro anos, muito acima da média brasileira. Em 2006, o faturamento foi de R$ 375,2 milhões apenas no Brasil, com um lucro líquido de R$ 37,1 milhões. Se levarmos em consideração as unidades do grupo em todo o mundo, este faturamento sobe para 400 milhões de euros.

“Tudo na árvore é aproveitado. É um processo totalmente sustentável”

JAIRO CANTARELLI, gerente da divisão de madeiras

Mas as vantagens das florestas não param por aí. Mais que dinheiro, as áreas de reflorestamento são fundamentais para o meio ambiente, uma vez que captam mais de dez vezes o volume de carbono emitido pela Faber- Castell em seu ciclo de produção. Por isso, a empresa pode ser considerada uma acumuladora de carbono, fazendo com sucesso o chamado “ciclo positivo de seqüestro de carbono”.

Agora, com madeira de sobra e trabalhando da forma mais ecológicamente correta possível, só resta à multinacional alemã colher os frutos deste arrojado trabalho.