Os Estúdios Flow anunciaram nesta terça-feira, 8, o desligamento do youtuber Monark e a remoção do episódio em que o apresentador defendeu a existência de um partido nazista no Brasil, transmitido na segunda-feira. Além do Flow, outros nove podcasts usam o estúdio para fazer gravações.

De acordo com a nota publicada no Twitter, a decisão foi tomada “em conformidade com o que determinam todos os preceitos de boa prática”, e com a visão e missão que a empresa compactua e segue.

O comunicado termina com um pedido de desculpas à comunidade judaica e com uma mensagem de repúdio “a qualquer tipo de posicionamento que possa ferir, ignorar ou questionar a existência de alguém ou de uma sociedade”.

Em vídeo publicado no Twitter, Monark alegou estar “muito bêbado” no momento da discussão sobre nazismo que aconteceu no episódio do Flow Podcast nesta segunda-feira, 7, e pediu perdão à comunidade judaica pelo posicionamento. “Falei de uma forma muito insensível com a comunidade judaica e peço perdão pela minha insensibilidade”, disse.Mais cedo, num vídeo de quase nove minutos publicado em suas redes sociais, o youtuber condenou o nazismo como princípio ideológico discriminatório, mas insistiu na defesa da liberdade de expressão, que deveria garantir a existência de um partido nazista, assim como existem partidos comunistas. “Minha ideia é que o cara fale que ele é um idiota para que a gente possa saber que é um idiota”, afirmou. Monark também reclamou da “cultura do cancelamento” e do “assédio” aos patrocinadores do programa, que passaram a cancelar contratos com o podcast.

“Vocês estão acabando com o debate. Não consigo ter mais conversas no meu programa”, disse o youtuber. “É muito perigoso quando as pessoas querem desvirtuar totalmente o debate e me caçarem e colocar como um monstro. Estou cansado. Está impossível se expressar na internet”. No vídeo, também reclamou que suas declarações foram tiradas de contexto.

Em vídeo publicado no seu canal no YouTube, o deputado federal e membro do Movimento Brasil Livre (MBL), Kim Kataguiri (DEM-SP), disse que se deve “combater e repudiar” o nazismo e o comunismo, e que a melhor forma de se fazer isso é pelo debate aberto. “Quanto mais luz você jogar sob essa ideologia nefasta, melhor para combater e melhor para ter um consenso que (o nazismo) é extremamente bizarro, que não deve ser defendido por nenhuma pessoa”, afirmou.

No começo da tarde, o assunto “comunismo” se tornou um dos mais discutidos nos trending topics do Twitter brasileiro. Influenciadores do MBL resgataram vídeos do ativista marxista Jones Manoel, que fala em “ódio de classes” e relembraram o protesto realizado numa igreja em Curitiba neste sábado, 5.

“A invasão da igreja em Curitiba não motivou nenhum gritinho histérico ou indignação fingida dos nossos intelectuais preocupados com a democracia”, escreveu Renan Santos, coordenador nacional do grupo.

Em comunicado publicado no Twitter, o Partido da Causa Operária (PCO), argumentou em defesa a Monark e Kim Kataguiri e disse que “o argumento de tornar o fascismo ilegal abre margem para também criminalizar o comunismo”. O PCO ainda afirmou que “o Estado não deve ter o poder de pôr nenhum partido na ilegalidade” e que a luta contra o fascismo deve ser contra a repressão estatal.

Já a deputada Tabata Amaral (PSB-SP) defendeu, no Twitter, que a ideologia nazista deve ser banida. “Nossa liberdade termina quando começa a do outro. Ponto final”, afirmou a deputada. “O nazismo e outras ideologias que ameaçam a existência e integridade de pessoas ou grupos, sejam judeus, PCD, negros ou LGBTQIA+, são intoleráveis e devem ser banidas. Isso sempre foi e será inegociável para mim.”