No ano passado, os produtores de aves enfrentaram uma de suas crises mais severas, causada pela perversa combinação do preço da carne de frango em baixa e da ração em alta. Em 2013, alimentar as aves continua sendo um trabalho literalmente penoso para as empresas do setor, principalmente as do Sul do País. O milho pressiona os custos de produção, mesmo depois de uma safra recorde do grão, como foi a de 2011/2012, de 72,9 milhões de toneladas. A saída encontrada por empresas do setor para fugir dos preços altos da matéria-prima, na faixa de R$ 31 a saca de 50 quilos, tem sido importar o grão do Paraguai. “A seca de 2012 na região Sul levou os Estados do Paraná e Santa Catarina a abastecerem-se no país vizinho”, diz José Carlos Godoy, secretário-executivo da Associação Brasileira de Produtores de Pinto de Corte (Apinco). “Importar o grão do Paraguai é mais barato que comprar no País, por causa do frete caro.”

Um bom exemplo disso, são as filas de caminhões que se formam no pátio da Globoaves, na cidade paranaense de Cascavel, para descarregar o milho paraguaio. Segundo Roberto Kaefer, dono da empresa, que fatura R$ 1,2 bilhão com a produção de ovos férteis e de pintainhos de um dia, vale a pena percorrer 200 quilômetros entre Cascavel e o Paraguai, onde foram adquiridas 70 mil toneladas de milho, suficientes para atender à produção de rações de dois meses. “Os preços do milho paraguaio estão melhores que os do Brasil e não temos problemas de logística para trazêlo”, diz Kaefer.

Além disso, o milho importado do Paraguai não sofre a incidência de impostos, como PIS, Cofins e ICMS, por ser um insumo transformado em produto para exportação – no caso, em carne de frango. “Pagamos R$ 29 por saca de milho de 50 quilos e nada mais”, diz Kaefer. No mês passado, o mesmo produto era vendido em Mato Grosso por R$ 31. Segundo o empresário, a empresa não pretende deixar de comprar o milho paraguaio. “Não posso me dar ao luxo de ter um fornecedor apenas”, diz Kaefer. Hoje, das 30 mil toneladas mensais de milho consumidas na empresa, a metade vem do Paraguai.

Godoy, da Apinco, afirma que a opção pelo milho estrangeiro não é a solução para todos os Estados. “Uma granja de Mato Grosso não conseguiria trazer milho do Paraguai a preço competitivo”, diz. Além disso, a produção paraguaia de milho não é grande: nesta safra deve chegar a três milhões de toneladas apenas.