A ilustração abaixo resume bem os problemas que o mundo enfrentará nas próximas décadas, comparando a disponibilidade de terras agricultáveis no planeta com o aumento da população pelos cinco continentes. As projeções, que percorrem um século, começam em 1950 e terminam no distante ano de 2050. Nessa data, a população mundial terá quadruplicado, enquanto a quantidade de terra disponível no mundo permanecerá praticamente a mesma. A saída é produzir mais no mesmo espaço, com ajuda de novas pesquisas que resultarão numa segunda revolução verde.

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A soja do futuro – mais difundida proteína vegetal do mundo, as pesquisas apontam para diferentes linhas de produtos. No Brasil, a luta é para desenvolver uma variedade totalmente resistente ao fungo da ferrugem asiática, enquanto criar uma planta tolerante à seca é a grande busca das empresas mundo afora. Até 2015 estima-se ser possível chegar a uma planta capaz de suportar as secas do Rio Grande do Sul ou o excesso de chuvas que cai em algumas regiões do País. Enquanto isso, a ciência busca soluções para o milho.

No Brasil

O ranking dos principais Estados produtores da oleaginosa

Mato Grosso

17,8 milhões de t.

Paraná

11,9 milhões de t.

Rio Grande do Sul

7,8 milhões de t.

Goiás

6,5 milhões de t.

O milho indestrutível – uma planta com uma fotossíntese acelerada, capaz de produzir duas safras a mais no ano, além das habituais. Com a utilização de fungos encontrados no mar Morto, no Oriente Médio, este milho será resistente à seca e adaptado às regiões mais inóspitas do planeta, com altos índices de salinidade na terra ou até mesmo resistente à presença de substâncias tóxicas, como o alumínio. Da mesma forma, as pesquisas buscam modos de desenvolver a cultura do trigo para alimentar o resto da humanidade.

Pesquisas

Embrapa quer amenizar problemas causados pelas mudanças climáticas

Linha convencional

Milhos híbridos resistentes à seca e tolerantes a fungos

Linha transgênica

Plantas mais eficientes na absorção do fósforo menos solúvel no solo

O trigo encantado – quando o homem começou a cultivar este cereal, a planta media mais de 1,50 metro. Seu manejo era difícil e as perdas, elevadas. Hoje, 50 centímetros menor, suas sementes ganharam densidade e as perdas são mínimas. O Cerrado brasileiro é considerado uma das áreas de expansão do trigo no mundo, mas a brusone, doença de origem fúngica, fez com que a área caísse de 50 mil hectares para cincomil. Mas os estudos em andamento visam gerar plantas resistentes a essa e a outras doenças, bem como aumentar a produtividade em 20% nos próximos dez anos. Os estudos com arroz também seguem esta linha.

Produtividade

Campos de trigo no sul do Chile é o exemplo a ser seguido

No Brasil

Maior rendimento é com o trigo irrigado no Cerrado, 8 t por hectare

No Chile

Experimentos de campo no país chegaram a 17 t do cereal por hectare

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O arroz mágico – trata-se de um cereal com uma quantidade de pró-vitamina “A” suficiente para acabar com a desnutrição infantil. Este é o “arroz dourado”, cuja quantidade de beta-caroteno pode mudar a história dos países mais pobres da África e Ásia. O cereal geneticamente modificado foi desenvolvido pelo Instituto Internacional de Pesquisas de Arroz (IRRI, sigla em inglês) e está em processo de regulamentação e aprovação na Índia, Indonésia e Filipinas. O IRRI também tem outras linhas de pesquisa e o objetivo é suprir a demanda global deste cereal, que é o alimento básico de mais da metade da população mundial.

Demanda

A estimativa é de crescimento contínuo no consumo do cereal

Próximos 20 anos Muito consumido na Ásia, a procura por arroz deve aumentar em 30%

Produção mundial 645 milhões de toneladas produzidas por 114 países

RENDIMENTO

A produtividade por hectare das lavouras de soja brasileiras cresceu 0,6 quilo nos últimos 13 anos.

O dado é da Conab e reflete o incremento no período de 1994/1995 a 2007/2008.

A explicação está na tecnologia

CEREAL NO MUNDO

O globo produz cerca de 790 milhões de toneladas e 60% desta quantia vai para a indústria de ração, conforme mostra o gráfico ao lado

Mais frangos – O setor avícola é o maior responsável pela enorme demanda de milho no Brasil. No ano passado, o segmento, sozinho, respondeu pelo consumo de mais da metade do cereal destinado à ração animal. Para produzir um quilo da ave é necessário 1,08 quilo de milho e 540 gramas de soja. Em 2008, foram produzidas 10.939.518 toneladas. Mas, além de carne, a humanidade também precisará de leite para consumo.

Demanda de milho

Frango de corte é o campeão no consumo

Aves de corte

17,6 milhões de toneladas de milho por ano Aves de postura

2,7 milhões de toneladas de milho por ano

Santa bebida – O incremento da renda em países em desenvolvimento, como o Brasil, está acelerando a economia. Com mais dinheiro, a população consome mais carne e lácteos. Por incrível que pareça, esse setor também depende da produção de grãos. São necessários 210 gramas de milho e 110 gramas de farelo de soja para produzir um quilo de leite. Embora o momento seja de recuo no segmento leiteiro nacional, as estimativas da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO) apontam para uma demanda crescente.

Incremento da renda

Com um melhor padrão de vida, pessoas passam a beber mais leite

Mercado mundial

2,1 milhões de toneladas de leite em pó é a previsão para 2008

Países em desenvolvimento

2,1 milhões de toneladas de leite em pó é quanto eles devem absorver

MERCADO MUNDIAL

Previsão é que a demanda por leite aumente 3% ao ano. Destaque deve ficar por conta da Índia e China

 

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Carne verde – Embora a maior parte do rebanho brasileiro seja criada a pasto, o confinamento ganha terreno no País. Nesse tipo de manejo, o garrote consome 5,48 quilos de milho e 1,05 quilo de farelo de soja para cada quilo de carcaça produzida. Estimativa do departamento de agricultura dos EUA (USDA), onde este tipo de sistema é predominante, é de que a produtividade do milho aumente de 174 sacas por hectare na safra 2008/09 para 194 sacas por hectare em 2017/2018. A área plantada deve crescer 1,6 milhão de hectares no mesmo período. Já os estoques de passagem devem cair de 727,2 mil hectares para 484,8 mil hectares.

Rebanho

Confira o tamanho do rebanho mundial e a participação brasileira

Rebanho brasileiro¹

2007 – 167,5 milhões

2008² – 169,7 milhões

Rebanho mundial¹

2007 – 982.6 milhões

2008² – 977,6 milhões

¹ número de cabeças

² projeção AGRA FNP

A doce energia da cana – Eficiência energética. Esta é a principal característica do etanol produzido no Brasil. Segundo dados oficiais, admitidos até pelo governo americano, para cada litro de combustível fóssil que entra no processo, seja no plantio, seja na colheita, são produzidos dois litros de etanol, o que significa uma ampla vantagem nessa corrida verde. Se as atuais pesquisas se confirmarem, segundo estimativas da União da Indústria da Cana-de-Açúcar,, essa proporção pode chegar a 12 por 1. Isso porque, diferentemente do etanol de milho, não é necessário quebrar os grãos com enzimas, o que oferece mais eficiência ao processo.

Brasil

Desponta do mundo como potência agrícola

Líder da cana

14,3 bilhões litros de etanol/ano

Custo por litro

R$ 0,51

Emissões de carbono

56% menos que a gasolina

O sonho dourado do milho – Entre os biocombustíveis é o menos eficiente quanto aos impactos ambientais. Para cada litro de combustível produzido, é utilizado um litro de combustível fóssil. Segundo especialistas, a única motivação para que os Estados Unidos continuem a produzir esse biocombustível é a diminuição do petróleo importado do Oriente Médio. Mas, em contrapartida, a competição com a produção de alimentos tem pressionado o governo do Tio Sam a investir em outras formas de energia, como o próprio biodiesel.

Estados Unidos

Maior produtor de etanol do mundo, tenta saídas de menor custo ambiental

O país do milho

17,4 bilhões de litros/ano

Custo por litro

R$ 0,63

Emissões de carbono

22% menos que a gasolina

O ronco do campo – São incontáveis as plantas das quais se pode obter o biodiesel, mas a soja ainda é a mais usada em todo o mundo. Novos processos estão sendo usados para desenvolver o B100, que substituirá o óleo mineral, extraído do petróleo, em sua totalidade. Ao contrário do etanol, não é preciso quebrar os carboidratos e o açúcar e fermentá-lo para que ele se torne álcool. A Alemanha usa a canola como base para sua imensa produção de biodiesel. Enquanto isso, o mundo todo corre atrás de uma nova geração de combustíveis, o chamado etanol de celulose.

Alemanha

Possui as mais modernas tecnologias para produção de biodiesel

Consumo anual

2 bilhões de litros

Principal cultura

Canola

Emissões de carbono

68% menos que o diesel mineral

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A nova geração – Considerado o “estado da arte” em produção de biocombustíveis, o etanol de celulose põe fim à disputa de terras entre as produções de energia e de alimentos. Seria possível produzi-lo a partir do lixo, árvores de rápido crescimento e restos de colheitas, inclusive do bagaço da cana, o que multiplicaria a eficiência do álcool brasileiro. O grande entrave ainda está nos custos de produção, considerados inviáveis no momento.

Custos de produção

Não há processos industriais em atividade, mas grandes pesquisas

Custo estimado

Três vezes o do etanol de milho

Maior aporte

US$ 500 milhões, do governo americano

Entrada no mercado

Em dez anos

13,4 BILHÕES DE LITROS/ANO

É o total produzido pela União Europeia em mais de 40 unidades de produção.

O Velho Continente é responsável por 90% do biodiesel produzido no mundo e a Alemanha responde Foipor 15% da produção mundial