Em 1828, no interior da França, um cidadão chamado Joseph Kuhn criou uma pequena forjaria para a fabricação de algumas balanças e aparelhos de pesagem. Nem em seus mais ambiciosos sonhos ele poderia imaginar que a Kuhn, a pequena empresa que levava o sobrenome de sua família, 182 anos depois de inaugurada estaria entre as maiores fabricantes de implementos agrícolas do mundo. Com seis fábricas na França, duas nos Estados Unidos, uma na Holanda e outra no Brasil, a multinacional faturou só no ano passado o equivalente a R$ 1,4 bilhão. Mário Wagner, diretor-geral da empresa no País, explica que o crescimento da América Latina já é maior do que o de muitos países da Europa e também dos Estados Unidos. Por isso, o Brasil é hoje uma das regiões para as quais a companhia olha com maior atenção. Prova disso é que o grupo optou por fazer o lançamento mundial de uma nova máquina de fertilização por aqui, de olho no aquecido mercado de máquinas. A novidade da Kuhn, batizada de Accura 1.600, tem um sistema exclusivo de distribuição de fertilizantes e sementes que trabalha com motor de baixa rotação.

 

Rieger: a empresa não quer competir em preço, mas oferecer produtos de alta tecnologia

“Isso reduz os danos aos adubos e sementes”, explica Filipe Carvalho, gerente de marketing da empresa. Equipada com discos de distribuição que variam de 12 a 24 metros, o equipamento tem preço a partir de R$ 25 mil. “É um equipamento que atende não a quem procura preço baixo, mas sim a quem valoriza resultado e precisão”, disse à DINHEIRO RURAL o vice-presidente mundial, Roland Rieger, que passou pelo Brasil recentemente.

A chegada da Kuhn ao País aconteceu em 2005, quando o grupo adquiriu a Metasa Agrícola, especializada na produção de semeadoras, pulverizadoras e plantadoras para o plantio direto. “O processo de transição já está completo e só no ano passado investimos R$ 10 milhões em nossa unidade do Brasil”, explica o vicepresidente. Aproveitando o bom momento do mercado agrícola brasileiro, a empresa também realizou outros três lançamentos. Um deles uma enfardadeira que produz fardos de 70 centímetros de altura por três metros de comprimento. Ela tem sido vendida por R$ 580 mil e é muito procurada por usinas de cana. Apenas na primeira semana após o lançamento, foram vendidas 12 unidades.

Embora tenha colhido bons resultados no Brasil, a importância do País ainda é tímida dentro da corporação, com 4% do faturamento. Segundo cálculos da Kuhn, a América do Sul é responsável por 12% do mercado global de venda de máquinas e equipamentos agrícolas. “Isso significa que teremos que triplicar de tamanho só para alcançar o que representa este mercado”, analisa Rieger. A receita para isso ele tem na ponta da língua: “Destinamos entre 5% e 10% de nosso faturamento a investimentos, e com o crescimento acelerado da América do Sul, especialmente do Brasil, a tendência é planejarmos importantes investimentos para cá”, afirma.