Ofrango de corte moderno exibe notáveis avanços em comparação àquele da metade do século passado. Entretanto, em termos de conversão de ração em carne, ele ainda continua relativamente ineficiente. São necessários cerca de 4,5 quilos de ração para se produzir 2,7 quilos de carne de frango na bandeja do supermercado. Essa mesma ave converte 1,65 quilo de ração em um quilo de peso vivo. Apesar dos grandes avanços obtidos em genética, ainda há muito espaço para produzir aves mais capazes de extrair o máximo da energia e dos nutrientes contidos em uma ração. É preciso comunicar os avanços para toda a cadeia, inclusive os consumidores.

De uma forma simplificada, a produção eficiente de frangos pode ser reduzida a quatro componentes básicos: crescimento, sobrevivência, conversão alimentar e rendimento ao abate. A importância relativa de cada componente depende do custo da ração, da mão de obra utilizada na atividade e do valor da carne no mercado. Empresas totalmente integradas precisam, também, levar em conta o desempenho das matrizes e os resultados do incubatório, e não apenas a engorda das aves. Isso porque a integração e o tamanho da operação oferecem aos processadores mais opções para decidir sobre o mix de produtos e a captura de sinergias. De forma ideal, no momento da escolha das linhagens a serem usadas, as empresas de produção avícola deveriam ser capazes de escolher que parcela da integração agrega mais valor e qual aspecto da integração tem maior importância. A conversão alimentar, inevitavelmente, fará parte dessa discussão.

Na gôndola: na indústria avícola, a conversão alimentar das aves tem feito a diferença. As pesquisas mostram que essa cadeia pode ganhar ainda mais produtividade (Crédito:Istock)

As companhias de genética vêm constantemente dando ênfase às características relacionadas à conversão. E apostando em conhecimento e pesquisa. Isso porque a conversão alimentar é uma fronteira de conhecimento que agrega valor ao negócio. Para as companhias de genética, o futuro da atividade está nas empresas de produção que alcançarem uma melhor eficiência no manejo de aves vivas e mais lucratividade. Mas, ao contrário do que ocorre com as características facilmente medidas, como peso corporal, capturar informações individuais sobre conversão alimentar é um desafio em situações comerciais. Para determinar a conversão alimentar é necessário medir a ingestão de ração do primeiro dia de alojamento até o abate, no peso de mercado. Já as companhias de genética usam duas abordagens básicas: fazem testes individuais de curta duração para medir a conversão alimentar das aves (ditos analógicos) e testes de conversão alimentar em grupos, de longa duração (testes “digitais”). Mesmo assim, embora os analógicos sejam relativamente fáceis de implementar e de gerenciar, há limitações que levem ao melhoramento da conversão. Os digitais são intuitivamente melhores, uma vez que é possível obter medidas que refletem um período maior da vida das aves, mas a captura e o armazenamento de dados ainda estão sujeitos a possibilidades de erros.

Esta aí a missão do setor. O fato é que padrões tecnológicos mais altos não necessariamente levam a melhores avanços genéticos. Por isso, os geneticistas continuarão em busca de desenvolver testes para medir a conversão alimentar, fazendo perguntas. A taxa de conversão alimentar medida neste teste poderá ser transmitida às futuras gerações? Os resultados deste teste de conversão alimentar vão se repetir em campo? Como as outras características dos frangos ou matrizes serão afetadas se uma maior pressão de seleção for usada para a conversão alimentar? Para dar mais segurança nos processos, os fatores biológicos por trás dos testes de conversão alimentar devem sempre ser coerentes e o principal item na tomada de decisões. Assim, é possível pensar em equilíbrio para garantir bons resultados técnicos e maior lucratividade em todas as áreas da avicultura, além de levar um alimento cada vez mais sustentável à mesa do consumidor.