É esperada para o próximo mês a aprovação da fusão da holandesa Koepon Holding BV, dona da Alta Genetics, com a americana Cooperative Resources International (CRI). No ano passado, as duas centrais de genética bovina venderam no mundo 28 milhões de doses de sêmen. O negócio anunciado no fim do ano passado cria a maior empresa global do setor, à frente da também americana ABS Global, do grupo Genus, e da holandesa CRV. A Alta Genetics e a CRI, que atuam, respectivamente, em 90 países e 76 países, têm uma forte presença no Brasil. No País, o mercado de sêmen e de serviços é estimado em R$ 540 milhões, por ano. Confira a entrevista com Heverardo Rezende, diretor da Alta Genetics Brasil.

A concentração de empresas deve continuar nesse setor?
Sim. Nos Estados Unidos, a Select Sires comprou a Accelerated Genetics, no ano passado. A Select Sires poderá adquirir
outras empresas.

Qual o benefício dessa fusão para a genética bovina mundial?
A importância está na cooperação entre as duas empresas. Todas as áreas irão se juntar, menos os departamentos comerciais. Fusão traz um custo menor às operações de um negócio e mais recursos à pesquisa e ao desenvolvimento de produtos.

Sem unificação comercial será possível evitar conflitos?
Eles serão os mesmos de todos os concorrentes. Não haverá novos conflitos e sim sinergia.

A quais sinergias o sr. se refere?
Foi proposto que a Alta e CRI, que já passou a se chamar Genex, trabalhassem em conjunto para verificar todas as sinergias. Por exemplo, no Brasil, a Alta Genetics possui uma central de coleta em Uberaba (MG). A CRI não possuia uma central. Ela trabalhava com terceiros. Mas agora poderá usar a central. Com uma maior produção de sêmen, os custos caem.

E as culturas das empresas?
A cultura de integração já existia na Alta Genetics e na CRI. Apesar de pertencer a um grupo holandês, o negócio da Alta sempre foi no Canadá. E em função do dono da Koepon ser um fazendeiro, a cultura de prestadora de serviço ao criador sempre prevaleceu. Já a CRI, por ser uma cooperativa, sempre teve em sua gestão a cultura do cooperado.

Já há um calendário para a fusão?
Ele ainda não está definido, mas a partir de junho, ou assim que a Federal Trade Commission (FTC), órgão regulatório americano, der o parecer, os detalhes começarão a ser conhecidos.

Como serão os investimentos em pesquisa?
Eles aumentarão. Somente a Alta reserva R$ 2 milhões por ano. Mas haverá cortes no que está sendo feito em duplicidade.

Qual a expectativa de venda de sêmen?
No ano passado, as empresas venderam no mundo 28 milhões de doses de sêmen bovino e para este ano são esperadas 30 milhões de doses.

E o impacto na exportação de sêmen a partir do Brasil?
A nossa central atende todas as exigências de organismos internacionais. Podemos exportar à África e aos países da Ásia. No mês passado, assinamos um protocolo com a Índia.

Qual o futuro da genética?
O futuro passa pelo genoma. É uma realidade para as raças europeias e está crescendo nas raças zebuínas. Antigamente, um touro da raça holandesa era o melhor reprodutor do mundo, por até quatro anos. Hoje, em oito meses, já aparece um melhor.