Genética nelore

A fazenda está em planilhas, com precisão de dados contados em duas casas após a vírgula. Isto significa que a confiabilidade das informações sobre a gestão do negócio é altíssima. O caminho da precisão foi a fórmula encontrada pelo criador de nelore Eduardo Folley Coelho, para dar continuidade ao trabalho iniciado na década de 1940 por seu pai, Hélio Coelho, na Genética Aditiva, empresa sediada em Campo Grande (MS). Ela é a campeã na categoria Genética Nelore no prêmio AS MELHORES DA DINHEIRO RURAL 2017, concedido pelo desempenho no melhoramento do gado. Não por acaso, entre os 10 primeiros touros mais bem colocados no sumário da Associação Nacional de Criadores e Pesquisadores deste ano, oito animais foram produzidos pela Genética Aditiva. Já no sumário Geneplus/Embrapa, os nove primeiros também são da empresa.

O trabalho de Coelho no melhoramento do gado nelore tem dois pilares: ele investe no uso de touros jovens nas vacas e nas informações genômicas. A combinação desses dois elementos vem encurtando as distâncias entre gerações, permitindo que se olhe com mais precisão para as características de cada animal, mesmo sem que este tenha uma prole formada. Por exemplo, animais mais eficientes em ganho de peso, em habilidade materna, em precocidade, entre outros atributos. “O menor intervalo entre gerações acelera o progresso genético”, afirma Coelho. “Não usá-lo seria pouco inteligente.”

Na safra 2016/2017, pela primeira vez, todo o rebanho, 2,6 mil fêmeas de selecão foram inseminadas, sendo a metade com sêmen de touros jovens. O criador pode se arriscar justamente pela solidez de sua base genética. “No caso da fixação do gene da precocidade no rebanho, colhemos resultado porque selecionamos essa característica há décadas”, diz ele. As pesquisas baseadas na ciência começaram em 2006, em uma parceria com a Universidade Federal de Mato Grosso do Sul. Um de seus touros, REM Espião, produziu sêmen aos nove meses, quando a maioria dos animais entra nessa fase aos 24 meses. “Com certeza é o reprodutor mais precoce da raça nelore dos dias atuais”, afirma Coelho. O criador já vendeu cotas do animal para a cabanha Mucarzel, na Bolívia, e para a central de inseminação Alta Genetics. Hoje com 26 meses e já com filhos nascendo, ele está avaliado em R$ 945 mil, ante a média de R$ 10 mil para um touro comercial.


A genética mais apurada tem atraído compradores para a produção da fazenda. Neste ano, mesmo em um ambiente econômico mais frágil, a venda de touros deve somar 850 animais, 16% acima do ano passado. Já para o sêmen, desde o início do ano foram vendidas 330 mil doses, 48% acima de 2016. “Quem vende qualidade sofre menos”, afirma Coelho. “No nosso caso, conseguimos dar garantias na venda.”