No dia 1º de março, a Associação Brasileira de Inseminação Artificial (Asbia) divulgou os números relativos ao comércio de sêmen bovino em 2012. As centrais de inseminação venderam aos pecuaristas 12,3 milhões de doses, entre sêmen de animais de raças destinadas à produção de carne (7,4 milhões de doses) e à produção de leite (4,9 milhões de doses). Em relação a 2011, o crescimento do mercado foi de 3,6%. Para Lino Rodrigues Filho, presidente da Asbia, as vendas do ano passado poderiam ter sido melhores. “Esperávamos um crescimento de cerca de 6%”, diz. Segundo Rodrigues Filho, o mercado de inseminação foi afetado pela estiagem que se estendeu até o mês de dezembro na maior parte das regiões produtoras de gado do Centro-Oeste – fato que atrasou o início das estações de monta. “Em muitas regiões só começou a ter pasto em dezembro, levando a inseminação para este janeiro”, diz. Também contribuíram a pressão baixista da arroba do boi gordo durante todo o ano passado e o preço galopante dos grãos.

Atualmente, o mercado de inseminação artificial gera uma receita de R$ 600 milhões por ano aos criadores de touros de genética superior. “Mas essa conta é só o começo”, diz Rodrigues Filho. Atualmente, os animais oriundos de inseminação representam um movimento estimado de R$ 25 bilhões em matériaprima para os frigoríficos e laticínios. No varejo, com a venda de carnes e lácteos, o valor calculado vai a R$ 65 bilhões. “A cada incremento de 2% no uso de sêmen, há um adicional na cadeia produtiva de proteína animal da ordem de R$ 1,2 bilhão”, afirma Rodrigues Filho.

Por isso, para Tiago Carrara, gerente de mercado da Alta Genetics, de Uberaba (MG), a tendência do uso da inseminação vai permanecer em alta, mesmo que o desempenho do ano passado tenha ficado abaixo do esperado. “Desde 2008, a venda de sêmen cresce sem parar porque a inseminação artificial em tempo fixo, a IATF, passou a ser uma técnica cada vez mais dominada e com resultados.”

No ano passado, os laboratórios farmacêuticos venderam oito milhões de protocolos de IATF, kit que inclui hormônios e aplicadores para sincronizar os cios das fêmeas a serem inseminadas de uma única vez. Segundo Carrara, somente no ano passado houve redução de cerca de 25% no preço desses protocolos. “Isso põe gás nos grandes projetos pecuários e incentiva os pequenos criadores.” A Agropecuária Santa Bárbara, no Pará, do banqueiro Daniel Dantas, por exemplo, insemina mais de 100 mil fêmeas nelore por ano. No gado leiteiro, a fazenda Agrindus, de Descalvado (SP), que pertence aos irmãos Roberto, Marco e Jorge Jank, não dispensa a inseminação no rebanho de vacas holandesas para produzir 16 milhões de litros de leite por ano. Hoje, apesar de o Brasil ser dono do maior rebanho comercial do mundo, com 200 milhões de animais, a inseminação artificial ainda não chega a 10% das fêmeas.

Para este ano, a Asbia projeta um comércio de 14 milhões de doses de sêmen; e de 20 milhões de doses, dentro de cinco anos. “No mercado interno, os criadores das raças nelore e angus tendem a usar mais sêmen porque querem produzir carne de melhor qualidade”, diz Carrara. No ano passado, foram vendidos 3,3 milhões de doses de sêmen de nelore, quase 45% do total, seguida pela raça angus, com 2,8 milhões de doses e participação de 38%. “Também podemos exportar muito sêmen”, diz Rodrigues Filho. No ano passado, foram vendidas apenas 226 mil doses para 14 países, sendo os três maiores compradores o Canadá, o Paraguai e a Colômbia.

Para abrir mercados, na mesma semana em que a Asbia divulgou os resultados de 2012, uma equipe de técnicos se reunia no Ministério da Agricultura, em Brasília, para discutir como acelerar os protocolos sanitários entre o Brasil e os países interessados em comprar sêmen, como o México, a Índia e a China. “Somente a Índia tem mais de 300 milhões de animais e uma carência extrema de genética superior para melhorar o gado, principalmente o leiteiro”, diz Rodrigues Filho.