Há mais de dois anos, o mercado financeiro e o Brasil assistem a gestores de fundos e investidores internacionais assinando declarações ao governo brasileiro e anunciando desinvestimentos por causa de medidas e políticas públicas que exacerbam as mudanças climáticas.

Agora, pela primeira vez, 18 brasileiros – entre investidores institucionais e gestores de fundos que somam R$ 873 bilhões em ativos sob gestão – publicaram uma declaração conjunta para apoiar políticas públicas que desenvolvam uma economia de baixo carbono e demais iniciativas a favor do clima.

Iniciativa semelhante já havia sido feita por grandes gestoras internacionais em outros momentos. Em junho de 2020, um grupo formado por quase 30 instituições financeiras exigiu que o governo brasileiro freasse o crescente desmatamento no País. Naquele documento, somente uma gestora era do Brasil. Cerca de um ano antes, 230 investidores com aproximadamente US$ 16,2 trilhões sob gestão assinaram um manifesto pedindo uma “ação urgente” para conter os “incêndios devastadores” na Amazônia, com as queimadas em crescimento por causa do desmatamento em “taxa alarmante” no Brasil e na Bolívia.

Investidores pelo Clima

O grupo de 18 investidores faz parte do Investidores pelo Clima (IPC), iniciativa promovida pela Sitawi Finanças do Bem, consultoria especializada em Finanças Sustentáveis, com apoio do Instituto Clima e Sociedade (iCS).

Segundo Gustavo Pimentel, da Sitawi, outras gestoras já sinalizaram que serão signatárias da declaração. “É a primeira vez na história que investidores brasileiros se posicionam politicamente em coalizão em prol da agenda climática”, disse Pimentel ao Broadcast.

As instituições que já assinaram são Itaú Asset Management, Sulamérica Investimentos, JGP, Rio Bravo, Arien Invest, Blue Macaw, Crescera Capital, Darby International Capital, FAMA Investimentos, FRAM Capital, Indie Capital, Mauá Capital, NEO Investimentos, Núcleo Capital, OABPrev RJ, Quasar Asset Management, RPS Capital e Taler Planejamentos Financeiros

A declaração solicita cooperação dos “entes públicos – especialmente, do governo federal”, nos seguinte pontos”:

– Posicionar-se favoravelmente ao desenvolvimento de mercados globais e regulados de carbono por meio do artigo 6 do Acordo de Paris na COP-26.

– Fortalecer a estrutura de fiscalização ambiental para eliminar o desmatamento ilegal e buscar redução imediata das taxas de desmatamento.

– Redesenhar os instrumentos econômicos e fiscais de forma que se estimule o investimento privado sustentável e de baixo carbono.

– Regular mecanismos domésticos de precificação de carbono em outros setores da economia, utilizando os aprendizados da implementação do RenovaBio, por exemplo.

– Comprometer-se com a implementação de metas net zero até 2050 com objetivos claros e ambiciosos e metas intermediárias e a devida transparência para aprimoramento da comunicação com o mercado nacional e internacional.

– Desenhar e implementar um plano de recuperação pós-pandemia que dê suporte à transição para uma economia de baixo carbono aliada à resiliência climática, evidenciando as oportunidades que representa para o Brasil.