O comunicado do Comitê de Política Monetária (Copom) que na noite desta quarta-feira (17) elevou a Selic em 0,75 ponto porcentual (pp) dá mostras de que a autoridade monetária não deve subir a taxa de juros rapidamente em direção a uma postura monetária neutra, mas demonstrou, sim, a intenção de retirar boa parte do atual nível extraordinário de estímulo monetário. Essa é a avaliação do Goldman Sachs, em relatório a clientes assinado pelo economista Alberto Ramos.

“No geral, o Copom viu valor em entregar um movimento hawkish em direção às expectativas de mercado e, acompanhado ainda por uma orientação hawkish a fim de impedir uma deterioração significativa nas expectativas de inflação ou no balanço de riscos, o Copom também antevê outra elevação de 0,75 pp no encontro de maio. Isso tudo dentro de um plano de jogo maior que prevê a retirada de boa parte do atual nível de acomodação monetária, mas ficando aquém de chegar à taxa neutra”, escreveu Ramos.

No relatório, o Goldman Sachs destaca a surpresa causada pela decisão do Copom, já que a maior parte do mercado apostava em uma alta de 0,50 pp. O ajuste mais acelerado foi justificado pelo Copom pelo benefício de “reduzir a probabilidade de não cumprimento da meta para a inflação deste ano, assim como manter a ancoragem das expectativas para horizontes mais longos”.