Pequim, 3/9 – O Ministério da Agricultura e Assuntos Rurais da China anunciou a proibição da saída ou trânsito de suínos vivos nas regiões em que a peste suína africana foi detectada. O governo disse que já abateu mais de 37 mil animais e que as fazendas infectadas são colocadas em quarentena.

Desde a última quinta-feira, 30, três focos da doença foram identificados na província de Anhui, localizada a oeste de Xangai, onde são criados aproximadamente 15 milhões de animas. Com estas novas infestações, são contabilizados sete focos da peste pelo país, divulgados desde o início de agosto. A doença é altamente contagiosa, colocando em risco mais de 400 milhões de leitões do país. A China é o maior produtor e consumidor de carne suína do mundo.

A rápida dispersão geográfica da doença têm preocupado agentes do setor, que temem que a peste tenha se espalhado em proporção maior do que é divulgada. Wantanee Kalpravidh, especialista em controle de doenças animais da Organização das Nações Unidas (ONU) para Agricultura e Alimentação, que está trabalhando com a China para tentar conter a disseminação do mal, disse que o governo pode levar de duas a três semanas antes de começar a eliminar os animais afetados.

“Embora deter a propagação da doença seja árdua, a epidemia permanece controlável”, disse um representante do Ministério da Agricultura e Assuntos Rurais, em uma entrevista publicada no site do governo.

Em contrapartida, a firme demanda impulsiona os preços da carne suína no país. Dados divulgados pelo Ministério da Agricultura e Assuntos Rurais da China apontam que, desde o início do mês, as cotações do animal subiram cerca de 8% no país. Já os preços globais da soja caíram na semana passada, segundo a consultoria Capital Economics, em razão do impacto da baixa demanda chinesa da oleaginosa que é um dos principais ingredientes na ração para suínos.

Os preços no sul da China avançaram com o aumento da oferta por causa das restrições à movimentação de suínos em todo o país, enquanto no norte o aumento no número de suínos abatidos e a escassez de capacidade de processamento prejudicaram os preços, disse Chenjun Pan, analista de indústria do Rabobank.

Feng Yonghui, analista-chefe da empresa chinesa Soozhu, disse que a doença prejudicaria a demanda, já que as pessoas evitariam a ingestão de carne suína, embora o impacto possa ser limitado porque o vírus não afeta seres humanos. Ele acrescentou que os preços da carne suína são uma fonte contínua de preocupação para o governo, por causa do efeito que os preços elevados podem ter sobre os números oficiais da inflação.

Outra preocupação do governo para o abastecimento local advém dos conflitos comerciais do país com os Estados Unidos. Em outros momentos, quando os animais eram atingidos por doenças ou escassez, o país aumentava as importações de carne suína. No entanto, atualmente, essa medida têm se mostrado cara e difícil, já que o governo chinês aumentou as tarifas sobre produtos norte-americanos. Fonte: Dow Jones Newswires.