Em meio à explosão de casos e mortes por covid-19 no Brasil, o ministro da Economia, Paulo Guedes, voltou a dizer que o País está na “cauda” da pandemia, um jargão que define a parte mais baixa e achatada de um gráfico. Ele ressaltou que o governo apoia a nova rodada do auxílio emergencial para vulneráveis, mas defendeu a aprovação de medidas de ajuste fiscal para garantir a sustentabilidade nas contas.

Ontem, a média móvel de mortes pela covid-19 ficou em 1.223 e bateu recorde pelo terceiro dia consecutivo. De acordo com o consórcio de veículos de imprensa, o País somou mais 818 mortes e 40.479 casos pela doença em 24 horas.

“Você pode dar o auxílio emergencial, nós estamos afinal de contas na cauda de uma pandemia que já aconteceu no ano passado, e o sacrifício já foi feito, congelamos dois anos de salários do funcionalismo. Mas sempre com essa ideia de ter um protocolo para crises futuras”, disse Guedes ao participar junto com o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), de uma entrevista à Jovem Pan.

“A questão é como combinar o auxílio, o compromisso com saúde dos brasileiros, sem tocar fogo no País”, afirmou o ministro, citando o risco de disparada de inflação em caso de aprovação da nova rodada do benefício sem contrapartidas.

Ele citou o caso argentino como um risco para o Brasil e destacou a necessidade de ter um protocolo fiscal permanente para casos emergenciais, como a pandemia. “A Argentina está com dívida de 90% do PIB e juro de 40%, pois perdeu a âncora fiscal”, disse.

Para Guedes, a “ação política” é o que vai garantir a proteção da população e não a “falsa proteção da indexação”, em referência à regra que garante aumentos automáticos. Ele ainda fez comentários elogiosos a Lira, quem, segundo o ministro, “percebeu a força da desvinculação” de recursos. “Essa é essência da democracia”, afirmou.