SIMPLES E EFICIENTE: água com adubo natural dos peixes passa por um filtro e depois desce por gravidade até a horta

Kevin Ferry era um produtor rural tradicional. Em sua fazenda, nos arredores de Nova York, cultivava alface, tomate, pimenta, cebolinha, além de uma infinidade de ervas e temperos. Há cerca de cinco anos, no entanto, foi convencido por alguns de seus clientes a partir para o cultivo de orgânicos, tidos como alimentos ecologicamente corretos e com um maior valor agregado. Empolgado com a nova oportunidade, apostou tudo nos orgânicos, mas depois assistiu de mãos atadas à queda de sua produção devido à falta de fertilizantes. Ao final da safra, Ferry acumulou prejuízos, mas não desistiu.

Antes de iniciar o novo plantio, teve uma idéia simples de implantar e que poderia ser muito eficiente. Especialista em hidropônicos, Ferry desenvolveu um sistema integrado com a piscicultura, onde a água com resíduos dos peixes era utilizada como adubo natural em sua lavoura. Estava criado o “aquaponics”. Acreditando no potencial de seu invento, o produtor investiu cerca de US$ 17 mil na compra dos tanques, filtros e bombas, além de outros US$ 5 mil em peixes e suplementos, valor considerado baixo, principalmente após os primeiros resultados.

“Foi incrível. Logo na primeira safra tive um aumento de quase 20% na produção. Investi pouco mais de US$ 20 mil, mas ganhei o dobro em poucos meses”, conta Ferry, que teve um lucro US$ 47 mil maior que no ano anterior. “Sem contar a receita com os peixes, vendidos aos comerciantes da região, que chegou próximo aos US$ 10 mil”, continua, empolgado.

A fórmula do sucesso, ele não esconde. Aliás, “pelo bem da agricultura”, faz questão de divulgar. “É tudo muito simples. Criamos tilápias e trutas, que são peixes mais eficientes nesta atividade, pois crescem mais rápido e produzem mais fertilizantes. Depois, a água dos aquários passa por um filtro, que retira as partículas maiores, enquanto o resto desce por gravidade e irriga toda a produção. Com este processo, as plantas absorvem mais nutrientes e crescem mais fortes”, explica o produtor.

Ferry lembra ainda que os restos também são aproveitados. Todo o material retirado da água pelos filtros vai para um centro de decomposição e depois vira adubo. “A filosofia da fazenda é produzir de um modo sustentável. Com muito trabalho estamos conseguindo e, melhor, obtendo lucro com isso”, completa o inventor, que já planeja montar novas estufas com a tecnologia “aquaponics” e expandir os negócio.