O Ibovespa perdeu fôlego ao longo da tarde desta sexta-feira, sem conseguir terminar a sessão acima dos 109 mil pontos, nível reconquistado no dia anterior, até aqui o melhor desde 20 de outubro. Em mais uma tarde bem negativa em Nova York, com perdas que chegaram a 2,72% (Nasdaq) no fechamento, a referência da B3, em dia de vencimento de opções sobre ações, cedeu 0,15%, a 108.941,68 pontos, entre mínima de 108.367,73 e máxima de 109.785,76 pontos. Com giro a R$ 30,1 bilhões, a sexta-feira contou com poucos catalisadores para os negócios, o que não impediu que o Ibovespa acumulasse o segundo ganho semanal, vindo de alta de 4,10% na semana anterior.

“Tivemos hoje um ajuste de fim de semana, com o mercado ainda apresentando performance superior à vista lá fora, refletindo fluxo de gringo que continua a comprar aqui neste começo de ano, o que contribui também para o fortalecimento do real”, diz César Mikail, gestor de renda variável da Western Asset.

“O comportamento da semana foi especialmente positivo para Brasil, após ter sido muito descontado em ativos de risco no ano passado, em relação aos preços que se vê fora do país. Houve um pouco de alívio nas curvas longas americanas, após o yield de 10 anos ter chegado a bater em 1,90% nesta semana, voltando agora para baixo de 1,80%, o que ajuda mercados emergentes como o Brasil”, diz Daniel Miraglia, economista-chefe da Integral Group.

“Achamos que há um fluxo de curto prazo, de ‘hot money’, um dinheiro que entra e sai muito rapidamente, e que veio para aproveitar uma oportunidade, dado que Brasil estava muito barato mesmo”, acrescenta Miraglia. “Com os preços que vemos agora no fechamento da semana, o balanço de risco em relação a preços no Brasil e nos Estados Unidos – que caíram muito nesta semana – já fica mais equilibrado, de forma que este fluxo deve amainar no decorrer da semana que vem”, observa o economista, destacando também o evento-chave da próxima semana: a reunião do Fed.

Na semana e no mês, o Ibovespa tem ganho de 1,88% e 3,93%, comparados a perdas de 7,55% e 11,99%, respectivamente, no Nasdaq, o índice de NY que mais tem sofrido os efeitos da perspectiva “hawkish” para a política monetária dos Estados Unidos, reforçada desde a ata do Federal Reserve divulgada no último dia 5. O índice amplo de Nova York, o S&P 500, por sua vez, retrocede 5,68% na semana e 7,73% no mês.

Assim, após acumular perda de quase 12% no ano passado, o pior desempenho desde a queda de 13,31% ao longo de 2015, o Ibovespa diminui a distância que se abriu em 2021 ante Nova York, quando os ganhos nos três índices de referência ficaram entre 19% (Dow Jones) e 27% (S&P 500).

Agora, com a recuperação na B3 e a correção em Nova York em janeiro, há uma convergência entre o EWZ (principal ETF de Brasil em Nova York) e o S&P 500 em direção a médias históricas, observa Mikail, da Western Asset, chamando atenção para retomada de segmentos como os de commodities, proteína, siderurgia e bancos neste começo de ano.

Nesta última sessão da semana, destaque para JHSF (+5,80%), à frente de Natura (+4,28%), de Locaweb (+4,17%) e de Magazine Luiza (+3,76%). No lado oposto, IRB (-5,11%), Usiminas (-4,28%) e Gerdau PN (-4,09%). Entre as blue chips, Vale ON fechou em baixa de 2,08%, com Petrobras ON e PN levemente no positivo, em alta respectivamente de 0,35% e 0,16%, enquanto as ações de grandes bancos fecharam o dia sem direção única.