Quem caminha pelos milharais do Brasil pode não notar nada de diferente. E nem poderia. A “olho nu”, as diferenças entre o milho convencional e o transgênico não existem. Mas essa semelhança logo desaparece quando eles são colocados na ponta do lápis. E nessa conta a variedade geneticamente modificada tem levado vantagem.

De acordo com levantamento da agência Safras & Mercado, nas lavouras de milho geneticamente modificado, o número de aplicações de herbicidas é menor, o que reduz esse custo em 10% a 15%. Além disso, a produtividade média em lavouras convencionais, que é de seis mil quilos por hectare, sobe para 7,5 mil quilos no mesmo espaço. Não à toa, em apenas uma safra, dos 14,2 milhões de hectares plantados com milho no País, cerca de 1,4 milhão deles foram cultivados com a variedade. Na safra 2009/2010, 70% da área deve ser ocupada pela novidade.

15% é o tamanho da redução dos custos, com uso de milho GM

Mas esse quadro pode em breve sofrer alteração. Países europeus e grandes indústrias alimentícias, como a Nestlé, ameaçam exigir a separação do milho GM do convencional, o que talvez prejudique a competitividade da variedade resistente ao ataque de pragas.

Um estudo preliminar desenvolvido pela Unicamp mostra que esse tipo de procedimento pode elevar em até 50% os custos e causar um impacto negativo de 12,5% na produção. “É algo que afeta também o mercado interno, já que grupos que atuam no País podem partir para esse tipo de exigência”, revela o coordenador do estudo, professor José Maria da Silveira.

Para o presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Milho (Abramilho), João Carlos Werlang, nem o pagamento de prêmios na venda do milho convencional amenizaria a situação. “As margens do milho são muito baixas e não suportariam essa carga”, avalia. Já para o consultor da agência Safras & Mercado, Paulo Molinari, não há motivo para preocupação. “O custo é repassado para esses compradores e não chega ao produtor”, pondera ele, ressaltando que as empresas alimentícias representam apenas 30% das vendas de milho. “O maior consumidor é o setor de carne, com cerca de 70%”, diz.