O Instituto de Finanças Internacionais (IIF, na sigla em inglês) afirma, em relatório, que o relaxamento da política fiscal do Brasil será “possivelmente” de mais de 1% do Produto Interno Bruto (PIB) do país. A instituição sediada em Washington e que reúne centenas de bancos globais lembra que o movimento ocorre conforme a eleição de outubro se aproxima, com eleitores sentindo a elevada inflação e alto descontentamento entre aqueles com renda mais baixa. O IIF adverte, porém, que reverter o relaxamento no próximo ano será um “freio fiscal substancial ao crescimento” e que, diante disso o novo governo pode não adotar essa medida.

“Como em muitos países, o governo cortou impostos sobre energia e agora pressiona por um pacote de gastos emergenciais”, diz o IIF, notando que esse último ponto “é mais um desvio no teto de gastos do Brasil”. Os cortes de impostos e novos gastos devem representar até 1,2% do PIB, algo “não negligenciável para um país em uma posição fiscal fraca”, avalia o IIF. O impacto líquido, porém, deve ser “significativamente menor”, com a receita mais forte que o previsto até então. “Todo relaxamento é temporário, em teoria, o que deve fazer com que ele seja gerenciável”, diz. Ainda assim, ele prevê uma “estrada acidentada à frente”, em parte pois o relaxamento “não é um sinal de forte compromisso com uma estrutura fiscal exigente”.

Para o IIF, o cenário mais provável é que o atual presidente, Jair Bolsonaro, ou seu principal rival, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, decida mudar o teto de gastos de novo, como parte do orçamento para 2023. O IIF lembra que já via isso como “inevitável”, mas comenta que, contanto que os gastos continuem a declinar, “mesmo que lentamente”, o quadro tende a seguir sob controle. “Dito isso, no curto prazo vemos margem para o ‘ruído fiscal’ deixar os mercados mais nervosos”, avalia.

Nesse contexto, o IIF acredita que a situação fiscal do Brasil seguirá “frágil” durante anos. Além disso, diz haver chance elevada de um ajuste fiscal “lento” no País.