Bebidas

Em março deste ano, a cidade de Blumenau, em Santa Catarina, foi reconhecida pelo governo federal como a Capital Nacional da Cerveja. O título foi celebrado pelo prefeito Napoleão Bernardes (PSDB). “Vamos trabalhar para que este reconhecimento também contribua para o fomento econômico e do empreendedorismo em torno do mercado cervejeiro”, disse Bernardes, reeleito no ano passado. A animação se justifica. O mercado de cerveja movimenta cerca de R$ 70 bilhões por ano no País, segundo dados da Associação Brasileira da Indústria da Cerveja (CervBrasil). No ano passado, o setor cervejeiro nacional produziu 14,1 bilhões de litros da bebida, o que classifica o País como o terceiro maior produtor mundial, atrás apenas da China e dos Estados Unidos. Existem hoje mais de 610 cervejarias no Brasil, que detêm um total de 7,5 mil marcas.

Para Blumenau, a cerveja é quase uma identidade local. A cidade concentra 120 microcervejarias que, há mais de três décadas, são as grandes estrelas da Oktoberfest, famosa celebração alemã que reúne admiradores da bebida de todo o País e da América Latina. A prefeitura calcula que o evento já atraiu para a cidade mais de 20 milhões de visitantes – no ano passado, 500 mil pessoas estiveram presentes. O prefeito Benardes fica ainda mais animado quando olha para os dados de emprego da indústria cervejeira. Ao todo, ela supera os 2,2 milhões de postos de trabalho.

O setor é importante, também, para o campo. Segundo a CervBrasil, o Brasil tem 117 mil hectares plantados com cereais destinados à produção da bebida, feita de malte, proveniente da cevada, e lúpulo. Cerca de 11 mil famílias de agricultores dependem desse mercado. Essas famílias são indiretamente responsáveis por atender 99% dos lares brasileiros, que é o porcentual de alcance da indústria cervejeira. A produção brasileira de cevada é de, aproximadamente, 300 mil toneladas por ano, mas poderia ser muito maior. Esse volume atende menos da metade da demanda da indústria nacional, que ainda tem de importar outras 400 mil toneladas da commodity para dar conta de produzir o 1,3 milhão de toneladas de malte necessário para saciar a sede do brasileiro. A boa notícia é que mais de 90% da cevada cultivada por aqui é resultado do programa de melhoramento genético liderado pela Embrapa. O programa elevou a produtividade brasileira de 1,7 mil quilos por hectare, em 1986, para 3,3 mil quilos, no ano passado.

Nesse contexto do mercado cervejeiro, uma empresa se destaca no Brasil: a Ambev. Dona das marcas mais consumidas do País, como Skol, Brahma e Antarctica, a companhia é uma máquina de bons resultados. No ano passado, ela comercializou 159 milhões de hectolitros de bebidas, considerando todas as categorias de produtos. Somente de cerveja, foram cerca de 79 milhões de hectolitros (um hectolitro equivale a 100 litros). É o suficiente para garantir à Ambev um porcentual de 67% de participação de mercado.

A Ambev vivenciou uma queda de produção no ano passado, de 6,5%. Isso afetou seu faturamento, que superou os R$ 45 bilhões, mas recuou 2,4% em relação a 2015. Já o lucro líquido da companhia, de R$ 13 bilhões, foi 1,6% superior ao registrado no ano anterior. Foi justamente devido a essa capacidade de apresentar números consistentes, em um cenário não tão favorável, que faz da companhia o destaque como a grande campeã no setor Bedidas pelo prêmio AS MELHORES DA DINHEIRO RURAL 2017. A integração com o campo é fundamental para a estratégia da Ambev, afirma Ricardo Rittes, vice-presidente financeiro e de relações com investidores da companhia. “Entendemos que é uma parte fundamental do nosso negócio, por isso mantemos uma relação muito próxima com os nossos parceiros do agronegócio”, diz o executivo. Essa proximidade é evidenciada nos relacionamentos de longo prazo que a empresa mantém com os produtores de cevada, em sua maioria, agricultores familiares dos Estados do Paraná e do Rio Grande do Sul. Segundo Rittes, para definir os preços que serão praticados a cada safra, a Ambev leva em consideração a sustentabilidade financeira não só do seu negócio, mas também dos seus parceiros. Dessa forma, ela garante o seu lucro – e vale lembrar que a cervejaria é reconhecida como uma das operações mais rentáveis do planeta – e também o lucro dos parceiros. Sem perder de vista a qualidade da cerveja. Seus clientes agradecem.