Depois de o empresário Richard Branson, dono da Virgin Atlantic, colocar um avião movido a óleo de babaçu no ar, agora foi a vez da JAL, maior companhia aérea do Japão, anunciar testes com biocombustíveis. O experimento deve acontecer apenas em meados de 2009, mas já vem sendo muito discutido entre as empresas aéreas de todo o mundo. O motivo de tanta repercussão é o preço recorde do petróleo, que vem encarecendo as operações e diminuindo drasticamente os lucros das empresas. Segundo especialistas, quando em utilização, o bioquerosene poderá reduzir em até 10% o gasto com combustíveis, principal despesa das aéreas.

Apenas no último ano, a JAL gastou cerca de US$ 3,8 bilhões em querosene, valor 22% maior que o gasto em 2006. Este montante, no entanto, deve aumentar significativamente neste ano, devido principalmente à alta do preço do petróleo, hoje cotado acima dos US$ 110 o barril. E é justamente por isso que a empresa quer usar os biocombustíveis em todos os seus vôos o quanto antes. Uma economia de US$ 380 milhões por ano não pode ser desprezada, por isso, esperam adotar a nova tecnologia num prazo máximo de cinco anos.

No vôo experimental, planejado em parceria com a Boeing, fabricante do 747-300, apenas uma das quatro turbinas receberá o ‘combustível verde’. A empresa ainda não definiu as especificações do carburante a ser utilizado, mas garante que será um bioquerosene de segunda geração, feito a partir de vegetais não utilizados para a alimentação humana, como a jatropha e o babaçu, muito comum no Brasil. Tudo para não criar confusão com as entidades que atacam os biocombustíveis. “Por meio desse vôo-teste, pretendemos promover o desenvolvimento dos biocombustíveis e seu uso comercial”, afirma Haruka Nishimatsu, presidente da JAL.

Nesta onda verde, até a Boeing está fazendo a sua parte, desenvolvendo aeronaves mais econômicas e eficientes. Segundo seus executivos, cada avanço feito, por menor que seja, representa uma economia de milhões de dólares aos clientes.

Prova disso é o novo 787, em fase final de fabricação na fábrica da empresa em Seattle. Substituto do 767, o novo avião foi desenvolvido com a preocupação de ser o mais eficiente possível. Segundo a Boeing, o 787 é 20% mais econômico que o antecessor, além de emitir 28% menos gases.

“Nos últimos 50 anos, conseguimos reduzir em 70% o consumo de combustível, mas ainda temos um longo caminho pela frente, principalmente com o preço do petróleo nas alturas”, conta Per Norén, diretor de Estratégias Ambientais da Boeing. “A indústria está unida. Todos os fabricantes de aviões e turbinas assinaram um acordo para minimizar o impacto no meio ambiente”, completa o executivo. Bom para o meio-ambiente, bom para o Brasil.