Para o guru empresarial e escritor americano Jim Collins, o sucesso de uma empresa está diretamente ligado ao trabalho de uma equipe afinada. Collins, 58 anos, se tornou referência mundial em treinamento de liderança e de gestão corporativa, ao escrever livros como Built to last, (traduzido para o português como Feitas para durar), de 1995, e  Good to great (Empresas feitas para vencer), de 2001, este com 2,5 milhões de cópias traduzidas em 32 línguas. Collins serve de inspiração para o diretor geral da central de inseminação artificial Alta Brasil, Heverardo Rezende de Carvalho,  que segue a sua máxima: “a habilidade executiva número um é escolher as pessoas certas e colocá-las nas posições certas.”

Aos 63 anos, Carvalho construiu uma carreira longa no mercado de inseminação artificial: são 33 anos, dos quais 20 anos no comando da Alta Brasil, controlada pela holding canadense Koepon, com sede em Calgary. “Saímos da posição de empresa desconhecida no Brasil para dona de um terço do mercado de sêmen”, diz ele. No ano passado, a Alta Brasil vendeu 4,5 milhões de doses de sêmen bovino, ante 68 mil doses duas décadas atrás. Isso significa crescer 66 vezes e chegar em 2015 com uma fatia de 35,7% do mercado nacional, com uma receita de R$ 80 milhões. No ano passado, foram vendidas no País 12,6 milhões de doses de sêmen, de acordo com a Associação Brasileira de Inseminação Artificial (Asbia). Com um carteira de 15 mil fazendas como clientes e 250 touros em coleta na central de inseminação de Uberaba, Carvalho aposta em uma receita de R$ 90 milhões para 2016 e um crescimento de 13% em doses de sêmen. “Estamos trabalhando fortemente para atingir essa meta.”

Mineiro nascido em Lavras, Carvalho sempre teve tino para o comércio. Moldou-se na profissão como vendedor da agrorevenda de seu pai, até que, em 1983, foi trabalhar na central de inseminação Pecplan, em Belo Horizonte, na época ainda nas mãos da Fundação Bradesco – hoje ela pertence à americana ABS. “Em dois anos, tiramos o escritório mineiro da 13ª posição no ranking de vendas para a segunda posição”, afirma. O feito o levou ao cargo de diretor da central Pecplan, também com sede em Uberaba.

Para ter uma equipe afinada, Carvalho passou a escalar veterinários e zootecnistas para o time de vendas da central, atitude que hoje é básica em um empreendimento do gênero, mas na época não era. “Achava absurdo alguém vender um produto sem saber o que ele é e sem entender profundamente do negócio do cliente”, diz ele, que formou uma equipe de 33 profissionais especializados, considerado o batalhão de frente da Pecplan. Foi isso que levou a Alta a propor-lhe mudança de casa, em 1996, quando a canadense dava os seus primeiros passos por aqui. Hoje, o executivo lidera 115 funcionários, além de uma equipe terceirizada de vendas de cerca de 700 profissionais. “Comando toda essa gente sem ser técnico”, diz Carvalho. Ele se refere ao curso de administração deixado pela metade, mas isso não significa que não tenha estudo. Carvalho é um frequentador assíduo de instituições como a Fundação Dom Cabral e a Rehagro, empresa especializada em formação profissional para o agronegócio, criada em 2002.

Como líder, a receita de Carvalho é simples: ele admite que possui deficiências e vai se cercando de profissionais para ajudá-lo a superá-las. “Para formar uma boa equipe, nunca tive medo de contratar alguém melhor do que eu”, afirma Carvalho. O headhunter Igor Schultz, sócio da Flow Executive Finders, consultoria especializada em recrutamento de executivos de alto padrão, diz que a decisão de Carvalho é o que pode existir de mais certeiro para levar um líder ao sucesso. “Um bom líder sabe quais são as suas fortalezas e fraquezas”, afirma Schultz.  “Ao montar um time que se complemente, o líder leva a empresa ao êxito mais rapidamente. ” O veterinário Tiago Carrara, 36 anos, gerente de mercado da Alta Brasil, é uma cria das crenças de Carvalho. Carrara começou na Alta como estagiário, em 2005, e hoje responde pelo marketing da empresa. “Fui testado por Carvalho em muitas áreas, até encontrar o meu lugar”, diz ele. “Não tenho receio de ser posto à prova por meu líder, novamente, quantas vezes for preciso”. Em tempo: Carrara é tido como um líder em construção na Alta Brasil, candidato ao mais alto cargo, onde hoje está Carvalho.