Uma das maiores fabricantes de alimentos e bebidas do mundo, a Pepsi vem se consolidando em novos mercados. Com faturamento mundial de US$ 43 bilhões em 2008, o grupo agora investe pesado em um atrativo segmento: o de água de coco. Os investimentos tiveram início no ano passado, depois da aquisição da empresa brasileira Amacoco, dona das marcas Kero Coco e Trop Coco. Os valores não são divulgados por questão de estratégia. Sobre o assunto, Ricardo Carneiro, diretor de novos negócios das marcas, diz apenas: “Visualizamos um grande potencial de crescimento.”

A empresa viu no setor uma oportunidade para conquistar parcelas maiores de mercado, com um produto popular no Brasil que começa a cair no gosto de consumidores em outros países. “A água de coco agora é também uma das vedetes da companhia”, brinca o executivo. Entre 2004 e 2008, a Amacoco registrou aumento de 32% no volume de vendas. No ano passado, já nas mãos da Pepsi, a empresa teve aumento de 14% nas vendas, número que só tende a crescer. “Queremos que esse número dobre”, afirma Carneiro.

Não é de hoje que a Pepsi vem investindo em grandes aquisições. Em 1998, o grupo adquiriu a Tropicana, uma das maiores produtoras de suco engarrafado do mundo. Em 2001 foi a vez de comprar a Quaker por US$ 13,4 bilhões, empresa que também recebeu proposta da Coca-Cola. Mas as compras não pararam por aí. Fazem parte do grupo as marcas Lucky, Elma Chips e Toddy.

Produção em larga escala: a fábrica em Petrolina produz embalagens de 200 ml, 330 ml e um litro

Ao todo são 18 marcas entre bebidas e alimentos, o que fez a companhia se tornar uma das maiores empresas de alimentos do mundo, com presença em mais de 200 países. “Queremos continuar crescendo com responsabilidade e solidez”, declara Carneiro.

Para consolidar esse crescimento no setor de água de coco, a empresa investe na expansão das fábricas em Petrolina (PE), São Matheus (ES) e Ananindeua (PA). Na unidade de Pernambuco foram instaladas novas linhas de produção, já que a fábrica tem capacidade para produzir 300 milhões de litros de água de coco ao ano. O grupo também conta com duas fazendas em Petrolina, onde, em 423 hectares irrigados, são cultivados 84 mil pés de coqueiroanão. “Fazemos um rigoroso controle para otimizar o rendimento por fruta”, explica André Duarte, gerente de suprimentos.

R$ 43 bilhões foi o lucro mundial da pepsi em 2008, com suas 18 marcas

Do campo para a fábrica: os produtores entregam as frutas em bags identificadas, que armazenam cerca de 550 cocos

Juntas, as fazendas respondem por cerca de 20% do total da fruta utilizada pela fábrica. Os outros 80% vêm dos 490 produtores. Um deles é a Fazenda Recom, com seis propriedades no Espírito Santo, que produz 12 milhões de cocos ao ano em 760 hectares. Valdir Brandão, gerente das propriedades, explica que uma das vantagens de fornecer à Pepsi é a garantia de preço. “Isso não acontece com outros produtores, que chegam a perder 75% no preço em épocas de baixo consumo.”

Para dar respaldo a seus fornecedores, a Pepsi tem projetos como o Qualicoco, que disponibiliza apoio técnico e suporte logístico para os produtores. Para reduzir os impactos ao ambiente, há um rigoroso controle para reutilização da água. Até a casca, a fibra e a “carne” do coco são reaproveitadas como fertilizantes naturais das plantações, reduzindo a produção de lixo. “Essas ações vão ao encontro da filosofia do grupo, de fazer um amanhã melhor que hoje”, completa Carneiro. Com tantos investimentos, a empresa está perto de ocupar um importante espaço no mercado, de preferência onde haja muita sombra, coco e água fresca.