O comunicado divulgado nesta quarta-feira, 8, pelo Comitê de Política Monetária (Copom) mostra que o Banco Central está vigilante em relação à inflação, apesar dos número recentes que apontam para uma atividade desaquecida no próximo ano. A opinião é do economista-chefe da Kilima Asset, Luciano Costa. Para ele, o BC dá a entender, com tom mais duro que o esperado, que, uma vez atingido o patamar terminal, a Selic deve seguir nesse nível por um tempo mais longo. Tanto que, para Costa, a taxa deve chegar aos 11,75% no fim do ciclo de alta e não deve haver uma redução de Selic em 2022.

“Quando o BC fala em ‘perseverar’, dá ideia de que, ao atingir o nível de 11,75% (da Selic), o BC vai manter nesse patamar pelo período necessário não só pra convergir a inflação para a meta, mas também as expectativas. Cria uma lógica de chegar nesse nível e ficar parado num período um pouco mais longo”, aponta, em relação ao trecho do comunicado em que o Copom diz que vai perseverar até que as projeções de inflação voltem a estar ancoradas nas metas para os próximos anos.

Ele também acredita que uma convergência da inflação para a meta só deve ocorrer em 2023. Nesse cenário, Costa avalia que o BC deve seguir uma tendência de, ao virar o ano, na primeira reunião de 2022, começar a dar peso para o ano seguinte, 2023.

Após um tom mais duro que o esperado pelo mercado hoje, Costa avalia que o mercado vai ter que “reorganizar os passos” amanhã. “O mercado estava precificando eventual mudança de ritmo a partir de fevereiro. Deve colocar um prêmio em torno desse ponto terminal”, disse, afirmando que deve ocorrer uma abertura da curva de juros curtos e intermediários na renda fixa amanhã.