O uso da agricultura de precisão está crescendo no Brasil, embora ainda a passos lentos, quando comparado a outros países. Os investimentos em tecnologia via satélite, no País, estão alocados, em sua maioria, em 30% das lavouras de cana-de-açúcar, enquanto nos Estados Unidos, por exemplo, 78% dos agricultores utilizam pelo menos uma aplicação com orientação por GPS. Mas o produtor rural brasileiro que apostou na primeira fase de automação das lavouras, a partir dos anos 2000, já está refinando esse processo. Isso porque a economia no uso de insumos e o aumento da produtividade no campo fizeram os investimentos valer a pena.

Para Arthur Exley Edwards, produtor e agrônomo responsável pela administração da fazenda Jaguarundy, próxima ao distrito Sanga Puíta, em Ponta Porá, em Mato Grosso do Sul, a agricultura de precisão é um caminho sem volta. De 2008 para cá, ele já empregou mais de R$ 350 mil, apenas em acessórios de automação no campo, para máquinas agrícolas, como aparelhos de mapeamento de rendimento, fertilidade, compactação e taxa variável, além de monitores de plantio e piloto automático. “Os monitores de plantio, por exemplo, reduziram nossas falhas em 98% e melhoraram a distribuição das plantas em 100%”, afirma Edwards. “Obtivemos uma lavoura homogênea, o que se reflete no resultado final da colheita.” Na Jaguarundy, a soja é cultivada, no verão, nos dois mil hectares que compreende a área agricultável da fazenda. No inverno, a oleaginosa cede espaço para o milho, que ocupa a metade da área, a aveia, plantada em 600 hectares, o centeio, em 200 hectares, e o nabo forrageiro no espaço restante.

Ainda segundo Edwards, com o uso do piloto automático nos pulverizadores, a redução das falhas de aplicação e a sobreposição de barras geraram uma economia de 1% no total de insumos utilizados na safra de soja. Os custos com sementes, fertilizantes e defensivos para a soja podem ultrapassar a casa de R$ 2 mil por hectare. Sem contar que o piloto automático reduz a fadiga dos operadores de máquinas após longas jornadas de trabalho. “Isso também reduz erros nos encontros de plantadeiras e aumenta o aproveitamento das áreas”, diz. “Além de permitir que o operador preste mais atenção ao processo operacional.” Já o mapeamento de compactação gerou na fazenda uma economia de 20% em hora de uso de máquina. De acordo com Edwards, normalmente era preciso lavrar talhões inteiros, por conta de problemas de compactação. Atualmente são feitos mapeamentos, e depois de constatada a compactação, apenas as áreas necessárias são subsoladas. “Os agricultores que não utilizarem a agricultura de precisão ficarão fora do mercado.” Mas, embora o produtores rurais brasileiros ainda estejam atrás no quesito tecnologia no campo, diante da agricultores de outros países, as fabricantes nacionais de máquinas e acessórios tecnológicos preferem não perder tempo. O diretor da Arvus Tecnologia, em Florianópolis, Gustavo Raposo, afirma que, em um futuro próximo, todos os equipamentos de campo terão módulos de agricultura de precisão. “Eles sairão da fábrica com essas funcionalidades e isso deixará de ser agricultura de precisão e será apenas agricultura”, diz Raposo. Para ele, a resistência dos agricultores brasileiros cessará à medida que os fabricantes forem inserindo equipamentos de precisão como padrão. “Eles fatalmente terão de adotar a tecnologia”, afirma.

Os primeiros fundamentos teóricos da agricultura de precisão surgiram em 1929, nos Estados Unidos, mas ela tornou-se mais conhecida por lá na década de 1980, devido à difusão dos sistemas de GPS. No Brasil, as primeiras pesquisas surgiram apenas na década de 1990.