São Paulo, 15 – A pandemia de coronavírus e as medidas tomadas pelos governos para evitar a propagação da doença na Europa provocam riscos para o abastecimento de alimentos no continente, afirma o banco Rabobank. Em relatório, analistas ressaltam problemas na colheita e na execução de atividades de processamento e embalagem por falta de mão de obra, possíveis gargalos no escoamento de grãos por restrições de exportação, além do colapso da demanda, que está levando a muitas perdas entre agricultores e processadores. O banco reforça, entretanto, que os efeitos no crescimento de culturas e pecuária nas fazendas europeias até o momento parece “administrável”.

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O plantio de culturas na primavera não corre risco, segundo relatório do banco, já que grande parte dos insumos já está sob posse de agricultores ou revendedores próximos. Embora a criação de gado e a produção de leite e ovos na Europa também continuem, produtores enfrentam algumas dificuldades no que tange à alimentação animal, com a falta de alguns ingredientes fornecidos pela China.

A colheita, por outro lado, se tornou desafiadora, afirmam analistas, especialmente em setores que precisam de trabalho manual. O esquema de isolamento social limita o número de pessoas trabalhando em pequenas áreas, além de o transporte desses funcionários ter ficado mais difícil. “Essas questões aumentam os custos e reduzem a capacidade de colheita”, diz o banco.

Em relação ao comércio global de commodities agrícolas, embora não tenha sido interrompido, há um aperto na oferta em razão das restrições logísticas em alguns países, o que provoca atraso nos carregamentos e até mesmo a suspensão dos embarques.

Analistas ressaltam que a Europa ainda não teve as suas importações afetadas significativamente, mas algumas empresas de processamento que adquirem produtos da América do Sul já estão sentindo esses efeitos. No relatório, o banco reforça, ainda, que a retração na demanda por produtos comumente utilizados no segmento de food service, que se encontra paralisado, vem provocando perdas expressivas para produtores que já estão colhendo e não têm para onde vender e nem como armazenar por muito tempo, de acordo com a perecibilidade de cada produto.