A Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) está aguardando uma reunião com transportadores marítimos – os armadores – para debater a crise dos contêineres. Um encontro está previsto para ocorrer entre 11 e 12 de novembro. “Dialogar com os armadores é o ponto chave. É um setor muito concentrado. São cinco companhias no mundo todo. Estamos em uma situação de diálogo e pressão”, disse o presidente da Comissão de Infraestrutura e Logística da FPA, deputado federal Arnaldo Jardim (Cidadania-SP), a jornalistas durante almoço semanal da bancada, realizado nesta terça-feira (19).

Segundo o parlamentar, a frente já realizou encontros com membros do Ministério da Economia, da Infraestrutura e da Agricultura. Ele disse que o Executivo está auxiliando nessa articulação do setor com os armadores. “Queremos previsão, reinserção do Brasil nas rotas prioritárias, retomada de rotas e previsão de disponibilidade de contêineres”, defendeu Jardim.

Ele criticou também um eventual aproveitamento de algumas empresas da crise desencadeada pela pandemia no transporte marítimo para maximização de lucros e prometeu pressão da bancada sobre os armadores. “Alguns se concentraram em rotas de alta rentabilidade buscando ter maiores vantagens. Queremos passar a limpo. Não estamos assistindo passivamente a isso e vamos subir o tom, exigindo definições quanto à rota, disponibilidade de navios e de contêineres para exportação”, argumentou.

Jardim reiterou que já são observados impactos no setor em virtude do aperto na oferta de contêineres e atrasos nos embarques. “Nós temos vários casos de produtos que estavam prontos para serem embarcados e que tiveram dificuldades de serem acondicionados em contêineres. Não há números suficientes. Outros estavam acondicionados e a viagem do navio foi cancelada. Nestes casos, o frete contratado foi revogado”, afirmou o deputado. Ele destacou que há também prejuízos na internalização de insumos agropecuários.

A FPA, junto com os setores exportadores e com o Instituto Pensar Agro, está elaborando um estudo sobre os impactos dessa conjuntura no agronegócio brasileiro. “Isso está penalizando especialmente os setores de açúcar, café e cargas gerais. O setor de proteína animal também sentiu (os efeitos), mas está um pouco salvo por conta de prioridade que foi estabelecida”, disse o deputado. Segundo o parlamentar, estão sendo contabilizados as frustrações de embarques, ou seja, perdas com receitas de volumes que deixaram de ser exportados. “Está dando um resultado surpreendente, muito ruim”, disse. A FPA informou que não há previsão de conclusão do estudo.