Grãos

Na safra 2016/2017, a produção brasileira de grãos bateu recorde. Foram colhidos 238,7 milhões de toneladas, 28% acima do ciclo anterior. O bom desenvolvimento da safra ocorreu em praticamente todas as 15 culturas anuais, entre elas a soja, o milho, o arroz, o feijão e o algodão. O ciclo foi de recuperação, após um ano muito afetado pelo clima. A seca castigou a região Centro-Oeste, e chuvas em excesso afetaram o desempenho dos agricultores no Sul do País. A safra 2017/2018, que começou a ser plantada, deverá ser menor, de acordo com os primeiros levantamentos realizados pelos técnicos da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Mesmo assim, a agricultura continuará exibindo números robustos. A previsão dos especialistas é de uma colheita de 227 milhões de toneladas, em função do atraso das primeiras chuvas em parte das regiões produtoras.

“A safra que se iniciou em outubro de 2015 e encerrou-se em setembro de 2016 foi um ciclo muito ruim”, afirma Aroldo Antônio de Oliveira Neto, superintendente de informações do agronegócio da Conab. “Como tivemos uma quebra muito forte em arroz e em feijão, os produtores dessas culturas tivessem um pouco mais de empenho para a safra seguinte, no ciclo 2016/2017.” De feijão, por exemplo, foram produzidas 3,4 milhões de toneladas nesta safra, uma alta de 35,2% sobre 2015/2016. Os segmentos de milho, com crescimento da produção de 46,9%, e de soja, com alta de 19,5%, também tiveram uma importante retomada. Não por acaso, o Brasil é o terceiro maior produtor de grãos do mundo, atrás da China e dos Estados Unidos. Na exportação, o País está em segundo lugar. A China, embora tenha uma enorme produção agrícola, é um grande importador de alimentos para suprir as necessidades de sua população de 1,42 bilhão de pessoas, maior que a soma das populações das três Américas. Por isso o Brasil não para de produzir, mesmo quando colhe uma safra ruim.

Nesse setor de commodities, destaca-se quem garante a solidez do negócio. Como é o caso da Camil. Fundada em 1963 na cidade gaúcha de Itaqui, a empresa, mais uma vez, é a campeã do setor Grãos no prêmio AS MELHORES DA DINHEIRO RURAL. Ela faz a originação de grãos, sendo os principais o arroz e feijão. A empresa é hoje a maior distribuidora de grãos para o varejo brasileiro. Controlar os gastos está no topo da estratégia. “Temos muito claro qual é o nosso limite de endividamento”, afirma Luciano Maggi Quartiero, CEO da Camil, filho de Jairo Quartiero, fundador e presidente do Conselho de Administração.

De acordo com o executivo, todos os investimentos são minuciosamente pensados. “A Companhia sempre teve um relacionamento muito forte com os bancos, porque todas as aquisições foram feitas via alavancagem [endividamento]. Sempre exploramos a melhor alternativa financeira”, diz. No ano fiscal de 2016, encerrado em fevereiro deste ano, a Camil faturou R$ 4,9 bilhões, uma alta de 17% sobre o período anterior. O lucro líquido, na mesma base de comparação, cresceu 82%, alcançando R$ 201 milhões.

O bom desempenho ajudou a companhia a tirar do papel o sonho de abrir capital, o que aconteceu em 28 de setembro de 2017. Quartiero avalia que todos estão satisfeitos com o resultado da operação, apesar de o preço ter ficado aquém da expectativa da empresa – valor da ação ficou em R$ 9, enquanto que a pedida inicialmente era de, no mínimo, R$ 10,50. “A família [Quartiero] ficou feliz porque demos o passo que gostaríamos de dar, e acredito que vai possibilitar à companhia dar outros adiante”, diz o executivo. “Nosso sócio, o Warburg Pincus, vendeu dois terços de sua participação e ficou satisfeito com o retorno do investimento. Por fim, os novos acionistas também ficaram felizes ao adquirir parte da empresa a um preço menor do que o previsto inicialmente.” O fundo Warburg Pincus havia comprado, há cerca de um ano, 31,8% da Camil que pertenciam à Gávea Investimentos.