O economista-chefe do BTG, Mansueto Almeida, disse nesta segunda-feira, 25, durante a Money Week que o governo atual tem pecado no diálogo com o Congresso Nacional. Segundo ele, que foi secretário do Tesouro de Paulo Guedes, o governo Michel Temer teve sucesso nesse quesito, mas o mandato sob tutela de Jair Bolsonaro demorou a construir uma base política.

“O presidente Temer trouxe para o governo pessoas que sabiam dialogar e convencer seus pares. Esse é o grande desafio. O governo atual tem pecado um pouco. Não tinha base política e só agora construiu uma, mas ainda está num processo de acomodação”, disse.

Para ele, o Parlamento foi reformista nos últimos anos estimulado por um incentivo do Executivo.

“Se vai andar ou não e o teor (das reformas), depende da capacidade de articulação do Executivo. Quando o Executivo consegue liderar o processo de mudança, o Legislativo vai atrás. No Brasil, ainda é muito importante a liderança do Presidente da República”, disse.

Mansueto disse que vai ser muito difícil aprovar reformas estruturais como tributária e administrativa em um ano eleitoral.

De acordo com o ex-secretário, em anos eleitorais, o que os governos fazem é mostrar que não haverá mudanças na trajetória econômica. Ele diz não acreditar em aprovação de reformas em ano eleitoral porque os deputados não param em Brasília para aprovar projetos importantes.

Selic

Mansueto Almeida afirmou que quando se aumenta taxa de juro para trazer a inflação para a meta, é preciso ter na margem a ideia de um crescimento econômico menor.

O que não pode acontecer, de acordo com Mansueto, é deixar o mercado interpretar que a inflação não vai cair. Neste aspecto, de acordo com o economista, é preciso que o governo convença o mercado e à sociedade de que o baixo crescimento decorrente do aumento de juro para fazer frente à inflação fique circunscrito a 2022. Mansueto participa neste momento do evento Money Week.

A despeito de reconhecer que o crescimento de 2022 será menor por causa do aumento do juro, Mansueto afirma achar melhor o BC aumentar a Selic agora do que postergar a alta e ter que fazer um esforço maior lá na frente.”Não me preocupa um ano isolado, mas a tendência”, disse.